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Velha Companhia lança livro com três de seus espetáculos mais marcantes

Felipe Cordeiro Especial para o Viver

Após duas décadas de uma trajetória premiada e celebrada, a Velha Companhia, de São Paulo, estreia no mundo editorial. Nesta terça-feira (16), às 19h, o grupo lança As Águas (Editora Javali), livro que reúne, em suas 384 páginas, três de suas criações mais marcantes: Cais ou Da Indiferença das Embarcações, Sínthia e Casa Submersa. O evento acontece na Bibla Livraria, na Vila Madalena, e inaugura um marco: é o primeiro lançamento de dramaturgia realizado no espaço, que rapidamente se tornou referência literária na capital.


Fundada em 2003 por Kiko Marques, Alejandra Sampaio e Virgínia Buckowski, a Velha Companhia soma 22 anos de pesquisa continuada, trabalho coletivo e reconhecimento com alguns dos principais prêmios de teatro do Brasil, como Shell, APCA e Aplauso Brasil. Entre os nomes do grupo, também está Denise Weinberg, atriz de Sínthia e protagonista de O Último Azul, novo filme do recifense Gabriel Mascaro, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim e atualmente em cartaz nos cinemas de todo o país.

Em tempos de fragilidade para o teatro paulistano, a publicação é também um testemunho da sobrevivência pela via dos editais e dos financiamentos públicos. Foi graças a esse apoio que o grupo pôde criar espetáculos de longa duração, com elencos numerosos e um cuidado minucioso com a palavra escrita. “Esses três espetáculos, assim como o livro, foram produzidos com algum tipo de incentivo. É esse processo coletivo, sustentado por políticas de fomento, que garante a força da dramaturgia”, lembra a atriz Alejandra Sampaio.

Livro ‘As Águas’ reúne as peças Cais ou Da Indiferença das Embarcações, Sínthia e Casa Submersa (Foto: Divulgação)


O volume da Editora Javali reúne doze anos de pesquisa e encenação, transformando em patrimônio literário peças que já marcaram os palcos. “Somos pessoas de teatro. Criávamos para o palco, sem pensar na publicação. Transformar isso em livro é dar permanência a algo que nascia para ser efêmero”, reflete Kiko Marques, autor e diretor artístico da Velha Companhia. O dramaturgo define a experiência como algo ao mesmo tempo assustador e bonito, já que o livro reverbera um trabalho que antes só existia na cena.

Essa é também a aposta da Javali, que se consolida como uma das casas editoriais mais atentas ao teatro contemporâneo brasileiro. Fundada em Belo Horizonte em 2015, por Assis Benevenuto, ela vem firmando-se como referência nacional em dramaturgia, tradução, memória e crítica teatral. Além de trazer a trilogia da Velha Companhia, publicou recentemente obras como O Lugar Invocado: Teatralidades e Espaços de Memória da Violência Sociopolítica, de Gyl Giffony, professor do curso de Teatro da UFPE, e Da Performance à Crítica Teatral, de Marcos Alexandre, estudioso dos teatros negros.


Ainda neste semestre, a Javali publicará obras de autores pernambucanos. Entre eles, está O Homem que Seguiu o Sol, de Djaelton Quirino, natural de Betânia e hoje radicado em Arcoverde, onde desenvolve seu trabalho artístico, e A Liturgia Profana de Airam, assinado por Quiercles Santana, sãolourencense de nascimento e que vive no Recife.


Para além do lançamento em São Paulo, a Velha Companhia articula uma circulação simbólica de As Águas no Recife. O grupo pretende doar exemplares a espaços de referência na cidade, como a a biblioteca do CAC da UFPE. A iniciativa amplia a circulação das dramaturgias e reforça a ponte entre São Paulo e Pernambuco, estado que se destaca na pesquisa e no ensino do teatro, além de sediar uma cena artística vibrante.

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