ROBSON GOMES
robson.silva@diariodepernambuco.com.br
Geograficamente falando, estuários são braços de mar que se encontram com o rio. E se fosse possível que as águas do Rio Tejo – que banha Lisboa, em Portugal – se unissem com as águas do Rio Capibaribe, aqui no Recife? O que a geografia não permite na prática pode se concretizar metaforicamente em forma de música neste sábado (13). E o estuário será o Teatro RioMar, no bairro do Pina, que receberá o cantor português Salvador Sobral trazendo para a capital pernambucana o show do álbum Timbre, a partir das 20h.
Considerado um dos maiores artistas contemporâneos de toda a Europa, Salvador relembra à coluna Giro o seu primeiro contato com a música. “Lembro-me de estar no carro do meu pai, indo de Lisboa para o Algarve, num percurso de até três horas. Em toda a estrada, recordo de ouvir Beatles. Eu cantava as partes do John Lennon, minha irmã cantava Paul McCartney, e depois trocávamos”, conta o músico de 34 anos, de voz pacífica e suave.
Nascido na capital portuguesa, em 2012 ele se mudou para a Espanha, onde cantou por bares e restaurantes, marcando assim o começo de sua carreira profissional. Cinco anos depois, ele venceu o famoso concurso Eurovision, responsável por revelar grandes artistas para o mundo, como o grupo sueco ABBA e, mais recentemente, a banda italiana Måneskin. A música defendida por ele era Amar Pelos Dois, que no mesmo ano acabou se tornando tema de abertura da novela das seis da TV Globo, Tempo de Amar.
Circulando por vários países para divulgar o disco Timbre – seu quarto trabalho de estúdio da carreira –, Salvador conta como este trabalho foi concebido: “Quando minha filha nasceu, ela trouxe muita luz para minha vida. E eu tinha vontade de refletir essa luz nas minhas composições. Queria fazer uma música alegre, colorida, muito inspirado pela música sul-americana, e brasileira obviamente. Queria um disco mais tropical no fundo, com melodias agradáveis para o público cantar”.
No Brasil, além de apresentar o novo álbum, o artista comenta que o repertório é bastante diverso. “O show tem canções do Timbre, mas também coloco música brasileira. Às vezes interpreto Geraldo Azevedo, Jards Macalé, visito Nana Caymmi… São apenas algumas que gosto de cantar, e quando venho ao Brasil eu não resisto. Tenho que fazer pelo menos três, quatro canções brasileiras no show”, entrega.
Além dessa aproximação com a música tupiniquim em seu setlist, Salvador Sobral está recebendo um convidado especial em cada apresentação. Aqui no Recife, sendo sua última parada desta etapa brasileira da turnê, o escolhido foi o cantor e compositor pernambucano Martins: “Eu ainda não o conhecia. Mas quando me apresentaram uma música dele, me identifiquei de imediato! Adoro vozes masculinas que cantam agudo. É uma coisa que gosto muito, sempre gostei, desde o Ney Matogrosso. E tem um frescor na música dele que é coerente também com meu disco. Ele é um querido, muito disponível e não vejo a hora de conhecê-lo pessoalmente. Acredito que será uma linda participação”.
E é fazendo desse “intercâmbio” no palco um verdadeiro encontro das águas musicais, oriundas daqui ou do outro lado do oceano, que este artista vai consolidando sua identidade artística. “Quando estou no palco, as pessoas sentem que sou como elas e estamos todos numa sala de estar, juntos a cantar. Pois o palco, para mim, não é algo superior. No meu show, quero que todos se sintam parte dele. Assim sigo na minha missão de fazer uma música honesta, num mundo cheio de superficialidade”, define o talentoso gajo.
SERVIÇO
Salvador Sobral apresenta Timbre – com participação especial de Martins
Neste sábado (13), a partir das 20h, no Teatro RioMar Recife.
Ingressos a partir de R$80, à venda online e no local.
