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Débora Bloch: pronta para encarnar Odete Roitman em ‘Vale Tudo’

ROBSON GOMES
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“Celina, por favor, avise na portaria do hotel que eu detesto ter brasileiros de outros estados passando na porta do meu apartamento falando português. Essa gente viaja até com criança, às vezes. Quanto menos eu ouvir falar português, melhor”. Este texto ácido, acompanhado de closes de partes do rosto, franzir de testa e revirar de olhos verdes com desprezo ao cenário descrito, apresentou ao público aquela que se tornaria a vilã mais icônica da teledramaturgia brasileira. Odete Roitman, imortalizada por Beatriz Segall em 1988 na novela Vale Tudo, será revisitada a partir do dia 31, com a estreia da nova versão da trama no horário das nove da TV Globo. E a missão de encarnar a megera em 2025 foi dada a Débora Bloch.

>> Leia a coluna Giro desta terça-feira, 13/03/2025

Até Odete encontrá-la nos dias atuais, um caminho de felizes coincidências fazem acreditar que o marcante papel estava destinado à esta atriz mineira. Beatriz tinha 62 anos quando fez Vale Tudo, idade que Débora completará em 29 de maio, quando o remake já estará no ar. Além disso, a atual Odete teve a honra de contracenar com a original anos antes, na novela Sol de Verão (1982). Na trama de Manoel Carlos, elas foram neta (Clara) e avó (Laura).

Antes de ser anunciada como a intérprete de Odete Almeida Roitman no remake escrito por Manuela Dias, a personagem foi oferecida para Fernanda Torres, que abriu mão do convite da Globo para se dedicar à maratona de divulgação de Ainda Estou Aqui, hoje vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional. Com o declinar de Fernandinha, o papel chegou às mãos de sua amiga de infância. “Tem uma história engraçada: anos atrás, fui convidada para fazer o remake de Selva de Pedra. Na época, não pude aceitar e Fernanda fez. Corta para quase quarenta anos depois, Nanda e eu estamos ali [cotadas] para fazer Odete. Quando ela me ligou falando da campanha do filme, eu respondi: ‘Se você não conseguir, vai sobrar para mim’”, relembra Débora. Dito e feito.

Em coletiva realizada esta semana, com a participação do Giro, a atriz revelou um pouco sobre a composição da personagem: “Eu vi a novela na época. Até comecei a revê-la, mas percebi que não estava me ajudando muito. Então, preferi focar no texto atual para construir a minha Odete”. Vale lembrar que, enquanto o clássico de Gilberto Braga, Leonor Bassères e o pernambucano Aguinaldo Silva estava no ar, a mineira brilhava no elenco de TV Pirata, programa que revolucionou o humor brasileiro.

No remake, a vilã seguirá como a implacável mãe de Heleninha (Paolla Oliveira) e Afonso (Humberto Carrão). Viúva desde cedo, ela assumiu os negócios do Grupo Roitman, que incluem a empresa de aviação TCA, e multiplicou sua fortuna. De origem humilde, ascendeu econômica e socialmente e compensa sua falta de nobreza sendo esnobe. Faz questão de odiar tudo que é popular e nutre um desprezo pelo Brasil, que julga subdesenvolvido.

“Odete é um retrato de uma classe brasileira que despreza o Brasil, e ao mesmo tempo, se beneficia dele. E infelizmente, isso ainda é muito atual. Estou tentando fazer uma Odete que representa, no Brasil de hoje, esta icônica personagem”, detalha. “Ela continua preconceituosa, classista e prepotente porque ainda há pessoas como ela hoje em dia. Controladora e manipuladora, ela subestima Maria de Fátima (Bella Campos). Mas vou dar um spoiler: ela levará uma rasteira”, completa a atriz, aos risos.

Aos que não vêem a hora de “amar odiar” esta nova Odete, será preciso um pouco de paciência. Sua aparição em Vale Tudo só acontece no capítulo 24, um prazo até menor do que em 1988, quando ela entrou no capítulo 28. Essa esperada chegada vai ao ar em 26 de abril, dia em que a TV Globo festeja seus 60 anos. “Estamos fazendo um grande texto. É uma novela boa, de personagens muito bons. É uma trama bem escrita que fala, principalmente, sobre ética, e se vale mesmo tudo para se chegar ao topo”, avisa Débora Bloch, sem disfarçar a empolgação. Bem diferente da feição esnobe que ela manterá em cena, até o dia em que será “assassinada” mais uma vez.

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