Simony César, empreendedora social, nascida e criada na periferia de Dois Unidos, na Zona Norte do Recife, recebeu em São Paulo o Prêmio Empreendedor Social 2024, na categoria “Soluções que Inspiram”, o maior prêmio da América Latina no segmento.
>> Leia a coluna Giro desta quinta-feira, 21/11/2024
Simony César é fundadora e CEO da Super NINA, uma startup que fornece tecnologia integrada a aplicativos para mapear e rastrear casos de violência de gênero na mobilidade urbana. A Super Nina se tornou política pública na cidade de Fortaleza (CE), 4a maior capital do país, e cobre área com 1 milhão de usuários transportados por dia. Simony destacou a urgência de cidades seguras para mulheres durante a premiação.
“Receber o maior prêmio do empreendedorismo social na América Latina é uma honra e só aumenta nossa responsabilidade. Os setores de mobilidade e tecnologia no Brasil são majoritariamente aristocratas, brancos e masculinos. Então, o primeiro papel que eu estou cumprindo aqui é quebrar um padrão. Ao mesmo tempo que é uma grande responsabilidade que carrego, sinto que a partir daqui eu posso deixar caminhos abertos para que mais mulheres possam ocupar os mesmos lugares que eu consigo ocupar atualmente. Se a NINA ajudar a formular uma política de iluminação pública, já é um poder gigante. Estamos falando de garantir o direito de ir e vir para todas as mulheres”, disse Simony César.
Mulher, nordestina, suburbana e filha de ex-cobradora, viveu na pele as agressões diárias que intimidam mulheres o tempo inteiro ao circularem pelas cidades: levou três facadas numa tentativa de latrocínio enquanto esperava o ônibus em um ponto de parada. “Minha mãe saía de casa às 4 horas da manhã e chegava muito tarde. Meu vizinho também era cobrador e ficou em uma cadeira de rodas depois de ser baleado num assalto. A criança pode até não entender a dimensão do problema, mas eu percebia o risco que representava o trabalho da minha mãe”, comenta. Apesar da existência de leis que preveem a proteção às mulheres, como a Lei de Importunação Sexual (Lei Federal nº 13.718/2018), grande parte do público feminino não possui orientações de como e onde pedir ajuda, além do receio em realizar a denúncia.
A Super NINA tem como objetivo transformar este cenário. O trabalho é pautado em gerar dados que empresas, governos e instituições necessitam para garantir segurança e inclusão para todos nos espaços urbanos. Aliando mobilidade, inovação e tecnologia, queremos desenvolver cidades inteligentes (ou smart cities) garantindo o direito de ir e vir em todos os ambientes e a equidade de gênero na mobilidade urbana. “Estamos nos colocando como uma resolução de fornecimento de dados, tornando as cidades mais humanas e inteligentes”, explica Simony.