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Show histórico em Caruaru marcou estreia de Andreas Kisser no Sepultura

No dia 30 maio de 1987, um grupo de jovens, nenhum deles com mais de 18 anos, subiu ao palco do Teatro João Lyra, em Caruaru, com equipamentos improvisados e um sistema de som inoperante. O que parecia ser um desastre iminente se tornou a estreia inesquecível de Andreas Kisser no Sepultura, na primeira vez da banda no Nordeste. Kisser, o único remanescente daquela formação junto com o baterista Paulo Xisto, retorna a Pernambuco neste sábado pela turnê “Celebrating Life through Death”, no Classic Hall, em Olinda. A apresentação marca o último show da turnê no ano.

Em 1987, o Sepultura ainda não ocupava o posto de maior nome do heavy metal brasileiro. Naquele ano, Andreas Kisser assumiu o lugar do guitarrista Jairo Guedez, consolidando a formação clássica que perdurou por uma década, ao lado de Max Cavalera, Igor Cavalera e Paulo Xisto. O improvável show na Capital do Forró foi viabilizado por um garoto de 14 anos, que havia adquirido Mausoleum, o LP de estreia da banda, no ano anterior. Ex-deputado federal, Wolney Queiroz encontrou o contato da banda na contracapa do disco e fez o convite. O Sepultura topou e encarou 48 horas de ônibus até Caruaru.

“Ele (Wolney) não tinha experiência nenhuma, e nós tivemos que recorrer às bandas locais para reunir os equipamentos e montar o PA. Apesar das dificuldades, foi incrível”, relembra Andreas Kisser ao Viver. Mesmo com som abafado, equipamentos improvisados e quase sendo cancelado, o show aconteceu. O Sepultura encerrou a noite com faixas de Morbid Visions, algumas inéditas que seriam lançadas meses depois em Schizophrenia e músicas do grupo Destruction. “Anos depois, voltamos à cidade, e é incrível saber que aquele primeiro show ainda é lembrado como histórico. Para mim, foi inesquecível”, celebra o guitarrista.

De volta aos palcos pernambucanos, a formação atual do Sepultura tem Kisser na guitarra, Derrick Green nos vocais, Greyson Nekrutman na bateria e Paulo Xisto, no baixo. Escolhido para substituir Eloy Casagrande, Greyson, de 22 anos, foi anunciado apenas três semanas antes da turnê e precisou lidar com a pressão da estreia, como lembra Andreas Kisser. “O primeiro show foi tenso, marcado por muito nervosismo, tanto pela situação do novo baterista quanto por ser em casa, a cidade do Sepultura”. Segundo Kisser, o novo colega já está entrosado e demonstrando seu talento. “O Greyson é extremamente dedicado, um baterista fenomenal, sempre buscando novas músicas para enriquecer”.

Desde o início de 2024, o Sepultura tem se apresentado em várias cidades do Brasil, América do Sul, América do Norte e Europa, celebrando seus 40 anos de história e retribuindo o carinho do público. “Celebrating Life Through Death” está sendo gravado para se tornar um álbum ao vivo com 40 músicas, registradas em 40 cidades diferentes. Com 1h30 de show, o setlist traz clássicos dos anos 1980 e 1990, sem deixar de lado os lançamentos mais recentes, como Quadra (2020), aclamado pelos fãs e crítica como um dos trabalhos mais maduros da carreira do grupo.

Kisser compartilha da mesma opinião, mas pondera que cada projeto foi moldado pelo contexto e mentalidade das suas respectivas épocas. “A gente sempre procura viver o presente, o momento. Não dá para comparar Quadra com Roots, Roots com Morbid Visions, por exemplo, são momentos muito diferentes. Para nós, particularmente, Quadra é o disco mais importante, o momento em que nos sentimos melhores, mais experientes, com mais técnica de estudo, de tocar.”

Adicionado posteriormente à turnê, Pernambuco pode voltar a ser incluído no roteiro dos metaleiros. A despedida vai até meados de 2026, o que deixa margem para que o show deste sábado não seja o último do Sepultura no estado. “Vamos tentar ir a lugares inéditos, realizar nossos desejos, revisitar outros e fazer parcerias. Como disse, estamos fazendo o Ao Vivo e ainda temos muito o que fazer. Não estamos em declínio, pelo contrário, estamos cada vez mais criativos e intensos. O presente tem sido incrível, e estamos celebrando um momento maravilhoso”, conclui Andreas Kisser.

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