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Peça ‘Eu Te Amo’, com Sergio Marone, chega ao Teatro do Parque

Pedro Cunha
Especial para o Giro

Arnaldo Jabor aprendeu com Nelson Rodrigues a captar tanto o sublime quanto o ridículo dos amores. Uma de suas obras mais célebres, Eu Te Amo ganhou as telas do cinema em 1981, tendo o sentimento amoroso como pano de fundo para um mergulho nas nuances dos relacionamentos, desejos fugazes e na complexidade dos afetos. Adaptado para o teatro pelo próprio Jabor, o texto circula pelos palcos do país há 37 anos e desembarca pela primeira vez no Recife, no Teatro do Parque, neste sábado (10), costurando medo, desejo, insegurança, tesão e solidão. Uma narrativa encenada por Juliana Martins e Sergio Marone, permeada pelo humor ácido do jornalista e cineasta, que nos deixou em 2022.

>> Sergio Marone e Juliana Martins apresentam ‘Eu Te Amo’ no Recife

A obra tem concepção de Rosane Svartman (vencedora do Prêmio Faz a Diferença 2024, do O Globo, pela autoria da novela Vai na Fé) e pelo recifense Lírio Ferreira, e direção de Leo Gama. A primeira montagem foi dirigida pelo próprio Jabor, com Bruna Lombardi e Paulo José nos papeis principais. Em 2010, a atriz Juliana Martins remontou o espetáculo, que permanece em cartaz há 14 anos, com ela no papel principal.

O texto reflete uma angústia social característica da época em que foi criado, escrito há mais de 40 anos, mas que continua relevante nos dias de hoje. A adaptação teatral preserva a essência moderna da história, incorporando apenas algumas atualizações para refletir os tempos atuais.

“Ao longo desse tempo, o Brasil mudou, o mundo mudou. Então é uma peça que se transformou comigo. Eu, na verdade, me transformei com ela. De 36 anos, quando iniciei, para 50 anos é uma grande diferença em termos de maturidade de vida. O grande diferencial dela, para mim, é o tempo que ela me acompanha e como eu me transformei”, constata Juliana, que dividiu o palco com diferentes atores durante esses anos, em entrevista à coluna Giro

Na peça, a atriz interpreta Maria, amante de um homem casado que, desiludida, decide “dar para o primeiro babaca que aparecer”. Esse “babaca” é Paulo, interpretado por Sergio Marone, um cineasta decadente também desiludido com o amor. Em um enredo tragicômico, Paulo descobre que foi traído pela esposa com o diretor de fotografia do filme que fazia para homenageá-la.

Marcados por desilusões amorosas, os personagens se lançam em uma paixão avassaladora para tentar esquecer suas dores e suas verdadeiras identidades. Paulo, arruinado financeira e emocionalmente após ser abandonado pela esposa, finge ser um homem rico e sofisticado. Maria, por sua vez, insegura e cheia de dúvidas, adota a identidade de Mônica, fingindo ser uma garota de programa autoconfiante e independente.

Na versão para um texto que fale da atualidade, os personagens se encontram por meio de um aplicativo de relacionamento, ao contrário do filme original onde o encontro ocorre na rua. Uma mudança que reflete sobre os símbolos das relações afetivas modernas, mas também repletas de enganos sobre aparência e status de vida, o que se alinha com o enredo da trama.

“A peça tem um texto interessante porque, diferente do filme, ele é muito mais leve e ainda absolutamente contemporâneo. Tem uma frase do texto que eu acho fantástica, que é a que mais me impacta: ‘numa relação, um sempre gosta mais do que o outro’. É uma fala da personagem Maria, e acho que isso é muito verdadeiro. Dificilmente vemos uma relação onde ambos se gostam de forma igual; sempre há um que gosta mais. Interpretar Paulo, um personagem icônico do nosso cinema, nos palcos e viajar pelo Brasil todo é uma honra e um privilégio”, diz Sergio Marone. 

Referências à sétima arte

O público, adiantam Juliana e Sergio, também será cativado pelo formato da montagem. Com apenas os dois em cena, o espetáculo combina suas atuações com projeções em vídeo que dão vida às memórias e angústias dos personagens. Os atores realizam um grande plano sequência no palco, trazendo a linguagem do cinema para o teatro, como em um filme que se monta a cada dia. Apesar de o longa ser conhecido por sua intensa carga dramática, no teatro a interpretação é mais leve.

“É uma honra para a gente se apresentar pela primeira vez no Recife, depois de rodar mais de 70 cidades. As pessoas vão se emocionar, vão rir e, especialmente, ver dois atores que adoram estar juntos no palco falando esse texto”, conta Juliana Martins. “Espero que o público, primeiro, se emocione e se divirta, como tem acontecido no Brasil todo. Segundo, que as pessoas se sintam mais livres para serem o que elas quiserem e não serem aquilo que os outros esperam que elas sejam”, complementa Sergio Marone. Os atores prometem provocar reflexões, reafirmando a relevância e a versatilidade da obra de Arnaldo Jabor em nossos tempos.

SERVIÇO

Eu Te Amo – com Sergio Marone e Juliana Martins
Data: 10 de Agosto (sábado)
Local: Teatro do Parque (Rua do Hospício, 81 – Boa Vista, Recife)
Horário: 20h
Ingresso: A partir de R$50 (meia), à venda on-line.

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