Ponta de pé e calcanhar, chutando de frente, alegria no salão, bico de papagaio, trocadilho, tesoura, metrô… Esses termos podem até soar estranhos aos ouvidos de quem nunca sentiu a embriaguez do frevo tomando conta do corpo e acabando no pé, mas para os alunos dos Guerreiros do Passo são as palavras-chaves de todo sábado. O grupo tem encontro marcado semanalmente na Praça do Hipódromo, a partir das 15h, para as aulas gratuitas do projeto Frevo na Praça. Neste fim de semana em que se comemora o Dia do Frevo (no dia “9 de Frevereiro”), o aulão vai ser especial com muita celebração. E dando continuidade às celebrações, os Guerreiros se apresentam no Recife Frevo Festival, domingo (9), no Teatro do Parque.
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Fundado em 2005, o grupo nasceu do desejo de ex-alunos do saudoso Nascimento do Passo para dar continuidade ao seu legado. Dos fundadores do coletivo, três continuam atuando: Eduardo Araújo, Lucélia Albuquerque e Valdemiro Neto. Assim, os Guerreiros mantêm vivo e renovado o espírito emancipador do frevo, seguindo a metodologia e filosofia de ensino do mestre que revolucionou o ensino do frevo e fundou a atual Escola do Frevo do Recife. Para cumprir essa missão, não poderia haver lugar mais democrático que um espaço ao ar livre.
“Nas aulas aplicamos todo o aprendizado adquirido com Nascimento do Passo. Ele foi nosso grande mestre e desenvolveu um método de ensino que começa com 40 movimentos iniciais. Isso surgiu do medo dele do frevo de rua se perder, aí nos anos 1970 ele formou uma escola e catalogou tudo que ele tinha aprendido indo atrás das orquestras”, explica o coordenador Eduardo. “Ele começou a organizar isso de forma a facilitar o aprendizado. Foi desta forma que nasceu seu método de unir um passo ao outro, criando sequências, fazendo conexões. E é assim que ensinamos todo sábado.”
As aulas do Guerreiros do Passo são abertas para qualquer pessoa que deseja dançar, seja iniciante ou não. Basta chegar com sua animação e vontade de partilhar junto ao grupo o aprendizado e prática do passo. Crianças, adolescentes, adultos e idosos de todo canto da cidade e das mais diversas profissões dividem, por cerca de três horas, a paixão em comum pelo frevo e pelo Carnaval. As sombrinhas e a água para os momentos de pausa são fornecidas pelo grupo, que custeia também toda a estrutura de som.