ROBSON GOMES
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Três minutos. Bastaram três minutos de um trailer na noite da última segunda-feira (24), no intervalo da novela Mania de Você, na TV Globo, para que os telespectadores criassem uma enorme expectativa pela trama sucessora na faixa das nove. O folhetim em questão é uma “velha conhecida” dos amantes da teledramaturgia, mas ela virá renovada e contextualizada para os dias atuais: estamos falando do remake de Vale Tudo, que estreia no próximo dia 31 de março.
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Considerada “a novela das novelas”, exibida originalmente em 1988 e escrita por Gilberto Braga, pelo pernambucano Aguinaldo Silva e por Leonor Bassères, a história está sendo reescrita por Manuela Dias. Ontem, a Globo reuniu a imprensa – incluindo o Giro – numa primeira coletiva online com o elenco, a autora e o diretor geral Paulo Silvestrini, para que eles falassem como tem sido a missão de recriar esta narrativa, escolhida também para comemorar os 60 anos da TV Globo em abril.
Sabendo que a obra está sujeita a comparações desde que foi anunciada pela emissora, Paulo abriu a roda de conversa sobre Vale Tudo tranquilizando os noveleiros de carteirinha: “Para o fã, a essência da obra está preservada. E para quem não conhece, é um convite para entrar em contato com uma história que é a expressão máxima do gênero novela”. A autora Manuela Dias acrescenta que o remake não vai deixar de reverenciar sua origem. “Teremos rasgação de vestido, a chegada triunfal de Odete Roitman… Vamos refazer algumas cenas icônicas como homenagem”, garante.
Estrelada por Regina Duarte em 1988, o papel da batalhadora e honesta Raquel Acioli caberá a Taís Araujo em 2025. A atriz, que por pouco recusou o convite para a personagem – e mudou de ideia após rever o primeiro capítulo no Globoplay – ressalta a riqueza da sua mocinha: “Raquel é uma personagem muito bem escrita. Eu diria que perfeita, por toda a jornada que ela tem. É um sentimento de honra e responsabilidade assumir esse papel”. A protagonista ainda relatou como tem sido os bastidores. “Eu já fiz várias novelas das 21h, mas essa, especialmente, está sendo muito leve de fazer”, revela.
O quesito representatividade permeou quase toda a coletiva, pois, diferente da versão original, na qual só havia dois negros em todo o elenco e em papeis de subserviência, a nova Vale Tudo coloca não só mais personagens pretos na tela, como também em funções de destaque, a começar pelas protagonistas: a própria Taís e Bella Campos, como a vilã Maria de Fátima, vivida originalmente por Gloria Pires.
“Eu acho que a Raquel sempre foi preta. Ela só era vista pelos olhos do racismo estrutural”, destaca Manuela Dias. “De 1988 para cá, passamos por um letramento social e, felizmente, enxergamos essas diferenças nos tratamentos sociais, raciais e de gênero”, completa. Taís reforça o discurso: “Quando pego os capítulos para ler, parece que foi escrito mesmo para uma mulher preta, trabalhadora, mãe solo, guerreira. E a Raquel que faço é uma homenagem a essas mulheres que estão na base dessa pirâmide social, em que a Odete [vilã interpretada no remake por Débora Bloch], por exemplo, está no topo”.
O núcleo de Vila Isabel – bairro carioca onde Raquel vai morar após ser roubada pela filha no início da novela em Foz do Iguaçu (PR) – também será composto de uma família preta, vivida pelos atores Belize Pombal (Consuêlo), Leandro Firmino (Jarbas), Breno Ferreira (André) e Jessica Marques (Daniela). Emocionada, Belize celebra o espaço aberto em Vale Tudo. “Fico muito feliz quando encontro essa família preta, com todo mundo pretinho, retinto, sem dar chance de alguém questionar a racionalidade e a etnia dessas pessoas. Ao longo da nossa história, pessoas negras têm particularidades e a oportunidade de trazer essa melhor condição socioeconômica, com acesso ao estudo e afeto bem construído, diz muito sobre essa remontagem da novela e da sociedade”, declara a atriz.
