ROBSON GOMES
[email protected]
Filha de um engenheiro e de uma professora, a pequena Leticia teve sua criatividade e a porção artística estimuladas desde cedo, quando morava no sul do Brasil. Os anos se passaram e, ao se interessar por dança, canto e teatro, não demorou muito para que o país inteiro conhecesse a artista Leticia Sabatella. E a partir desta terça-feira (21) até sábado (25), o público pernambucano pode testemunhar esse talento no show Leticia Sabatella convida Juliano Holanda, que entra em cartaz na Caixa Cultural, no Bairro do Recife, em seis sessões (duas no último dia) já esgotadas.
>> Leia a coluna Giro desta terça-feira, 25/01/2024
Depois de estrear no teatro aos 14 anos e na televisão aos 20, esta estrela mineira, que cresceu em Curitiba, conta em entrevista exclusiva ao Giro que a música sempre esteve presente em sua vida: “É algo primordial na minha arte. Ela me leva para a dança, para o teatro… A música é a primeira. Ela vem da minha mãe cantando para mim, da minha avó cantando o tempo inteiro. Vem também da minha convivência com a Orquestra Sinfônica do Paraná no Teatro Guaíra. Então, a música sempre esteve muito presente”.
Com essa onipresença da música em seu fazer artístico, os caminhos de Leticia se cruzaram com os do multiartista pernambucano Juliano Holanda. “Tive o prazer de conhecê-lo na série Amorteamo (TV Globo, 2015), em que ele fazia toda a trilha sonora. E a diretora Flávia Lacerda, que também é pernambucana, me pediu para cantar algumas músicas. Também naquela época apresentei ao Juliano uma música do Luiz Felipe Leprevost e acabou nascendo uma amizade entre eles”, relembra a artista, que complementa: “O Juliano é muito bacana e seu trabalho é grandioso. Sempre me impressiono com as poesias e as produções musicais dele. Sou muito admiradora da produção musical do Recife e me aproximei de todos os movimentos que o Juliano também faz parte”.
No palco, Leticia e Juliano compartilham as seis canções do álbum Poéticas da Terra em Crise, lançado em 2021, e contam com a participação especial do próprio Leprevost, que é compositor, ator e escritor. “Durante a pandemia, Juliano foi uma das pessoas que eu tinha essa certeza que saberia o que dizer sobre o que estava acontecendo. Ele foi escolhido para fazer parte dos poetas proféticos para falar e ser uma voz do planeta nesse momento. E também é um momento que se expande, pois a poética da terra em crise segue se estendendo”, explica a atriz e cantora que assina, inclusive, a melodia de O Forte de Orange, uma das canções deste espetáculo, que dá ritmo ao poema homônimo do pernambucano João Cabral de Melo Neto.
Para Leticia, ainda que o público a conheça de sucessos na TV como O Dono do Mundo (1992), Irmãos Coragem (1995), A Muralha (2000), O Clone (2001), Hoje é Dia de Maria (2005), Caminho das Índias (2009), Sangue Bom (2013), Tempo de Amar (2017) e Nos Tempos do Imperador (2021), ser uma atriz que canta é algo complementar à sua arte: “Eu vejo na atuação muita música, pois um texto falado é muito musical. Da mesma maneira, é uma intérprete-atriz que está cantando ali no palco. Cada vez mais fui ganhando espaço de uma performer mais sutil, mas sempre compreendendo a música, a interpretação musical com sua narrativa, seu drama, sua tragédia, com a história que está sendo contada. E na função de narradora também, que é um recurso teatral”.
A estrela também acentua a importância de apresentar este espetáculo na terra do seu companheiro de palco. “É incrível, honroso para caramba! Estou em caráter de homenagem ao Juliano Holanda desde sempre, desde que eu o conheci e leio qualquer tradução dele do que eu estou sentindo, do que o planeta sente, do que a gente passa enquanto sociedade”, diz ela, que já tem bastante contato com a cultura local: “Eu tinha tido experiências com a intelectualidade pernambucana e várias pessoas do setor cultural de Recife. Atores, musicistas… Admiro Lirinha, Karina Buhr, Flaira Ferro, que ainda não conheço pessoalmente, mas acho muito especial, Siba, entre outros. Já tive oportunidade de ir ao Festival de Garanhuns e fiz a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, na qual estarei novamente este ano. Tenho um respeito enorme pela cultura de Pernambuco e do Recife”.
Quando você for conferir Leticia Sabatella a partir de hoje no palco da Caixa Cultural, saiba que ali não há nenhuma surpresa: é uma mulher exercitando, com plenitude, as vivências de ser uma artista. “Me defino como artista mesmo, porque é muito mais amplo, sem restrições e com uma busca infinita. Pois é esse termo que pode mais abarcar o que sou, o que já fui, o que ainda quero ser, o que ainda nem sei e o que quero descobrir”, determina.