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Grupo Grial de Dança volta aos palcos com novo espetáculo no Recife

ROBSON GOMES
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Grupo Grial de Dança retorna aos palcos após hiato de seis anos – Foto: Filipe Cavalcanti/Divulgação

Fundado no final dos anos 1990 à convite do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna para pesquisar e criar uma linguagem de dança Armorial, assim surgiu o Grupo Grial de Dança. E ao construir uma trajetória de mais de 25 anos que impactou e ressignificou a dança contemporânea em Pernambuco, após uma pausa de seis anos, uma quarta geração do grupo se levanta para um novo espetáculo na Caixa Cultural Recife a partir desta quinta-feira (23): Uma Mulher Vestida de Sol, inspirada na obra do escritor “paraibucano”, trazendo uma releitura do que o grupo levou aos palcos no ano de 2001.

No coração do Grial, ainda está a bailarina Maria Paula Costa Rêgo, que ouviu o chamado de Ariano em 1997 e, desde então, é a coreógrafa e intérprete do grupo. “A primeira versão de Uma Mulher Vestida de Sol era Romeu e Julieta, a partir do livro de Ariano. Só que no meio do caminho eu me inspirei numa linha shakespeariana. Mas depois desse breve hiato do grupo, não dava para voltar ao mesmo lugar. Então, fomos reler a obra dele, mas agora trazendo todo esse amadurecimento como pessoas e profissionais. Com isso, o espetáculo que faremos é o mesmo, mas sob uma nova perspectiva”, detalha ela, que agora assina a direção desta remontagem.

No palco, quatro bailarinos pretendem mostrar em movimentos a história do famoso casal da dramaturgia mundial, mas numa linguagem nordestina, trazendo o universo do sertão, a força trágica da tradição e a poesia, inspirada no cordel escrito por Ariano e João Martins de Athayde. E o espetáculo ainda terá espaço para a inclusão. “No elenco, temos a Bruna Alves, que é cantora e uma pessoa com deficiência visual. Nessa retomada do Grial, queremos trabalhar com inclusão em todos os níveis, e Bruna tem sido nosso primeiro passo. Está sendo incrível trabalhar com ela. É um aprendizado de mundo para além da arte”, vibra Maria Paula.

Para esta grande estreia de amanhã, além de Bruna, Aldene Nascimento, Emerson Dias e Miguel Marinho estão ensaiando há cerca de três meses em ritmo diário. E mais que simples bailarinos, eles são intérpretes criadores. “A gente começa às 8h30 e vai até 12h30. É um processo de construção mesmo, de criação, com base na improvisação. Estamos tentando entender no dia-a-dia o que esta história nos conta, trazendo as improvisações para o nosso corpo, e construindo uma narrativa que não é óbvia. Porque dança é uma arte abstrata”, explica a coreógrafa.

Com iluminação de Luciana Raposo, o espetáculo de, aproximadamente, 45 minutos trará cenários e figurinos assinados por Bian Diphá, que já foi bailarino do Grial. Na parte musical, Miguel Marinho e o grupo Em Canto e Poesia cuidam das trilhas originais, onde dois desses intérpretes farão sua estreia no grupo.

Ao ver esse Shakespeare sertanejo em cena quando as cortinas se abrirem, é importante que as pessoas saibam do peso que é ver o Grupo Grial de Dança de volta aos palcos depois de tanto tempo. “Quem conhece o Grial vai se surpreender e quem ainda não assistiu a nenhum de nossos espetáculos terá prazer de ser levado assim tão poeticamente longe, a partir das nossas tradições populares. A magia e o encantamento são garantidos!”, convida Maria Paula Costa Rêgo. 

SERVIÇO

Grupo Grial de Dança apresenta Uma Mulher Vestida de Sol
Nesta quinta-feira (23), sexta (24) e sábado (25); e de 30 de maio a 1º de junho, a partir das 20h, na Caixa Cultural Recife, no Bairro do Recife.
Ingressos a partir de R$10, à venda on-line.

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