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Fernanda Lima honra mãe em texto sobre amor e saudade

Fernanda Lima compartilhou um texto emocionante em homenagem a sua mãe, Dona Teca, falecida em março deste ano, vítima de um câncer no pâncreas. Hoje, 1º de maio, ela completaria 81 anos.

A atriz escreveu:

Dia 1º de maio era sempre especial. Eu acordava tarde porque não tinha aula e me enrolava na cama da minha mãe, pois era o dia do aniversário dela. Nessa hora da manhã, ela já estava cheirosa, com o cabelo escovado como se estivesse pronta para uma festa que não faria. Ela não precisava de confetes, pois era a própria purpurina.

Ela dispensava apresentações, pois era ela mesma a apresentadora da nossa vida. Não queria comemorações extravagantes, pois bastava estar em família para estar feliz. Ela não pedia ‘parabéns pra você’, pois essa era nossa canção.

Dia 1º de maio era um dia bom, cheio de carinho. Mas tudo mudou em 1994, quando estávamos juntas na cama assistindo à Fórmula 1 e aconteceu o acidente fatal do Senna. Permanecemos na cama, toda a família em silêncio e em choque. Assim, o dia 1º de maio se tornou de fato o dia dos meus heróis, por motivos diferentes, mas semelhantes. Vida e morte, morte e vida, os dois lados da mesma moeda.

Já se passaram quase dois meses desde que minha vida ficou sem cor, sem minha mãe. Ainda ontem tirei uma foto da minha filha e imediatamente quis mandar para a vovó ver. Às vezes, simplesmente esqueço que ela se foi, ou nego, ou detesto a ideia desse vazio.

Ainda tenho que lidar com as perguntas da minha filha: ‘Vovó foi de sapatos para as estrelas? Lá tem cama? Como ela saiu daqui, andando, de carro, de avião?’ Obviamente, fico sem saber o que dizer e digo a ela para apontar para a estrela mais bonita e pensar na vovó. Na sua graça, no seu humor, nas suas brincadeiras e nos seus churrascos.

Se é difícil para nós, adultos, entendermos a falta, imagina para as crianças. Só me acalmo quando lembro dos nossos últimos dias juntas, muito juntas, grudadas de corpo e alma, quando consegui perguntar e agradecer por quase tudo. Ela lembrou da infância, esclareceu lacunas cinzentas, cantou e relembrou até músicas da sua infância. Foi lindo.

Tudo isso ainda ressoa dentro de mim e acho que assim será para sempre. Por sorte, dia desses a chamei num sonho e ela veio, sorridente como sempre. Teca, minha mãe, meu amor!

Na estrela mais brilhante ou no raio de sol da manhã, nós sabemos que ela sempre estará com você, Fernanda. Sinta nosso abraço.

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