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Exposição sobre mandioca abre nesta quinta (17) no Mercado Eufrásio Barbosa

Foto: Luciana Dantas/Retrografie/FemininoFarinha

Dentro das ações do Circuito Fenearte, o Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, recebe, a partir das 19h desta quinta-feira (17) até o dia 24 de agosto, a exposição “Casa de Farinha – Mandioca, o Pão da Terra”. Com curadoria do antropólogo e jornalista Bruno Albertim e da gastróloga e assessora de Gastronomia da Secretaria de Cultura de Pernambuco, Dianne Sousa, a mostra multimídia trata dos aspectos socioculturais da farinha de mandioca, um dos ingredientes de maior importância identitária na cultura pernambucana e brasileira.

“O mais popular derivado da mandioca é aquela farinha que a quase totalidade das populações originárias lançava à boca ainda antes da colonização – estamos falando, portanto, de um ingrediente com mais de 500 anos de consagração. Diante de pedaços de peixe cru ou moqueado, jogava-se, literalmente, para dentro da cavidade bucal, pequenos bocados de farinha”, diz Albertim. “A farinha de mandioca, em Pernambuco, passa por processos de investigação para possível patrimonialização”, destaca Dianne.

A farinha, portanto, é um produto de inigualável significado histórico e culinário. Para Gilberto Freyre em sua poética sociológica, o pirão, feito do caldo de alguma carne ou peixe engrossado com farinha de mandioca, seria “o mais brasileiro dos pratos”. No século 16, a farinha enchia os porões das caravelas que regressavam a Portugal. Era farnel de reforço. Cachaça e tecidos eram moedas de escambo na compra de africanos escravizados. Por vias perversas, foi também a farinha responsável pela formação étnico-cultural do Brasil. “A farinha é a camada primitiva, o basalto fundamental na alimentação brasileira”, sentenciou o etnógrafo potiguar Luís da Câmara Cascudo, autor do clássico “História da Alimentação no Brasil”.

Um dos destaques da exposição é o conjunto de engenhos e instrumentos seculares para o processo artesanal da farinha mantidos pelo Centro de Pesquisas Históricas e Cultura Popular – Museu Carlos Cleber, na cidade de São Caetano, Agreste de Pernambuco.

Numa estrutura cenográfica arrojada, desenvolvida pelos arquitetos Isac Filho, Amanda Piquet, Lucio Omena e Peu Carneiro, a exposição traz, no pavilhão central do Eufrásio Barbosa, uma reprodução de uma casa de farinha tradicional e, além dos utensílios históricos para a produção de farinha, vídeos e fotografias relevantes nesse universo do saber-fazer. Entre elas, fotos ampliadas da fotógrafa e documentarista Luciana Dantas, autora do projeto Feminino Farinha, sobre o protagonismo de mulheres na produção artesanal dos corredores de farinha do interior de Pernambuco. “Com a industrialização dos processos, a produção artesanal acabou por se concentrar nas mãos de mulheres cujas histórias de vida se confundem com a história da farinha”, ela diz.

A exposição, cuja identidade visual é de André Santana, conta também com a exibição do vídeo-documentário “Farinhada Afroindígena”, proposto por Verônica Fernandes, com direção de Fausto Paiva, sobre a produção e tradições do Mestre Seu Lôro, do Ecosítio Catimbau, no Sertão pernambucano. Em cartaz até o dia 24 de agosto, a mostra tem produção de Erika Gonçalves e produção executiva de Cíntia Couto.

CIRCUITO FENEARTE

Lançado em 2023, o Circuito Fenearte surgiu como uma forma de expandir o impacto da feira além do pavilhão de exposições do Pernambuco Centro de Convenções. A proposta é valorizar territórios criativos e descentralizar o acesso à arte popular, promovendo vivências mais próximas da produção artesanal. Nesta edição, o Circuito já percorreu, além do Recife, as cidades de Tracunhaém e Água Preta, sempre com visitas gratuitas e guiadas a exposições de arte e galerias. A programação completa está disponível no site: fenearte.pe.gov.br/circuitofenearte.

ROTEIRO GASTRONÔMICO

A gastronomia também marca presença no Circuito Fenearte. Onze restaurantes localizados no Recife e em Olinda participam da ação especial, cada um oferecendo em seu próprio endereço pratos exclusivos inspirados na temática da Cozinha Fenearte deste ano, “Casa de Farinha”, com receitas que destacam ingredientes derivados da mandioca. A iniciativa acontece durante toda a 25ª edição da Fenearte, de 9 a 20 de julho, e convida o público a viver uma experiência sensorial ampliada, saboreando menus criados especialmente para o evento.

FENEARTE 25 ANOS – “A FEIRA DAS FEIRAS”

Política pública que já marcou a história do artesanato brasileiro e que continua vibrante e aguardada por mestres, artesãos e toda a gente que reverencia a cultura popular, a Fenearte — Feira Nacional de Negócios do Artesanato chega à 25ª edição envolta por uma atmosfera de festa. Neste ano, a Maior Feira de Artesanato da América Latina fará uma celebração à própria memória, com o tema “A Feira das Feiras”. Será de 09 a 20 de julho, no Pernambuco Centro de Convenções, em Olinda.

Ao mesmo tempo em que valoriza a própria história, a 25ª Fenearte fará a sua comemoração evocando as feiras livres de todo o Estado. Foram nelas onde primeiro os artesãos puderam mostrar as suas artes e delas sobreviverem, como os mestres do barro em Caruaru, os loiceiros e os seus utilitários; os artesãos da cestaria em palha, do vestuário em couro e dos brinquedos de madeira e de pano; as rendeiras que resistem na Feira da Renascença de Pesqueira.

Realizada pelo Governo do Estado por meio da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco — Adepe, a 25ª Fenearte já está com ingressos à venda pelos sites da Fenearte e Adepe e em pontos físicos.

25ª Fenearte — Feira Nacional de Negócios do Artesanato
Quando: 09 a 20 de julho de 2025
Onde: Pernambuco Centro de Convenções (Av. Prof. Andrade Bezerra, s/n – Salgadinho, Olinda)
Horários:
Segunda a sexta-feira — 14h às 22h
Sábado e domingo — 10h às 22h
Ingressos:
Segunda a quinta-feira — R$ 12 (entrada inteira) e R$ 6 (meia-entrada)
Sexta-feira a domingo — R$ 16 (entrada inteira) e R$ 8 (meia-entrada)

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