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Exposição ‘Perseguidas’ ocupa as ruas do Recife até fim do mês

Imagens de mulheres vestindo verdadeiras armaduras feitas com objetos cortantes e pontiagudos estão espalhadas pelas ruas do Recife. A intervenção urbana faz parte da exposição fotográfica “Perseguidas”, criada pela artista Andréa Veruska e pela fotógrafa Camila Silva, com o objetivo de confrontar a violência contra a mulher em espaços públicos, como ônibus, paradas e estações de metrô. As fotos são um desdobramento de uma performance de Veruska realizada em 2017, quando ela circulou no transporte público com pregos enferrujados no corpo.

As imagens em grande escala estão fixadas em pontos estratégicos da cidade, como os terminais integrados de Afogados e do Barro, além de paradas de ônibus na Rua da Aurora, Avenida Norte, Cruz Cabugá, República do Líbano e Rua do Pombal. Com até três metros de altura, as personagens retratadas encaram a câmera com firmeza, como um gesto simbólico de defesa e resistência diante do medo diário enfrentado pelas mulheres.

O projeto também tem participação da designer Aurora Jamelo, da arte-educadora Mariama de Aquino e do artista urbano Filipe Gondim. A proposta, segundo Veruska, é provocar desconforto e reflexão: “A gente quer que os homens sintam, ao menos por um instante, o medo que sentimos todos os dias ao sair de casa”, explica. A artista se inspirou em pesquisas sobre gênero e no livro “Teoria King Kong”, de Virginie Despentes, que narra um estupro sofrido pela autora ainda adolescente.

Imagem: Camila Silva

Dados reforçam a urgência da proposta: pesquisa de 2019 do Instituto Patrícia Galvão mostrou que 97% das mulheres brasileiras já sofreram assédio no transporte público. No Recife, iniciativas como vagões exclusivos para mulheres em horários de pico são reflexos dessa realidade, mas ainda insuficientes. Para Veruska, o que ainda move o projeto é a raiva transformada em arte: “A maioria das mulheres que entrevistei tinha histórias de abuso para contar”, afirma.

Além das fotografias, cada peça conta com QR Code que direciona o público para audiodescrição das imagens e para o perfil do projeto (@projeto_perseguidas). A exposição conta com apoio da Lei Paulo Gustavo, Funcultura e Política Nacional Aldir Blanc, e segue em exibição nas ruas até o fim do mês.

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