Por Mareu Araújo
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Em festas de aniversário é comum alguns balões estarem voando ou até mesmo presos no teto, enquanto outros ficam no chão e não flutuam. Com um espetáculo repleto de reflexões e sensibilização sobre “aqueles que não voam”, chega ao Teatro Marco Camarotti o espetáculo “Hélio, o balão que não consegue voar”, com única apresentação aberta ao público hoje, às 14h. A obra compõe a programação do Festival Palco Giratório 2024, realizado pelo Sesc Pernambuco.
De forma metafórica, a história faz o espectador refletir sobre a aceitação e a inclusão de pessoas com autismo na sociedade. O espetáculo conta a história de Hélio, um balão diagnosticado com TEA que mora em uma loja de festas e pertence à rara categoria de balões que não voam. Dois atores e uma atriz em cena manipulam objetos e adereços, narrando com leveza e sensibilidade os desafios de Hélio no convívio social e revelando suas potencialidades para além de voar.
“Por falta de campanhas de conscientização, muitas famílias não conhecem os sintomas do autismo ou menosprezam seus sinais. Acreditamos que o espetáculo pode abrir diálogo sobre um tema que ainda é tabu na nossa sociedade”, comenta Cleyton Cabral, ator e dramaturgo, que também integra o elenco do espetáculo junto aos colegas Diógenes Lima e Luciana Barbosa.
Com direção de Marcondes Lima, o espetáculo leva aos palcos, pela primeira vez, a dramaturgia original de Cleyton Cabral, vencedora do Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia 2019, na categoria Teatro de Animação. De classificação livre, a obra é feita para todas as idades, buscando conscientizar o público geral sobre a temática.
Embora não haja estatísticas atualizadas sobre a quantidade de pessoas com autismo no Brasil, pesquisas indicam o aumento dos diagnósticos de TEA ao longo dos anos. O Censo de Educação Básica 2023, divulgado em abril de 2023, apontou que o país registrou um aumento de 50% no número de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista matriculados em salas de aula comuns, saltando de 405.056 para 607.144.
Em escolas regulares, ainda que haja oportunidades de socialização com outras crianças, especialistas afirmam que, se não tiverem a devida assistência, os pequenos com TEA podem sofrer com falta de adaptação ao ritmo de ensino e bullying, fatos que podem levar à evasão escolar e até à depressão.
Diante desse cenário, Cleyton acredita que levar informação sobre autismo através do teatro pode ajudar pessoas com TEA em Pernambuco a terem mais qualidade de vida. “Queremos fomentar pensamento crítico e reflexão nos espectadores, para que eles conheçam os sintomas do autismo e se tornem possíveis agentes de transformação”, afirma.