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Documentário ‘Edições Pirata, o Filme’ é lançado no Derby

A história da resistência cultural e da democratização da literatura em Pernambuco passa pela Edições Pirata. O movimento libertário deu espaço para diferentes vozes e – principalmente -, para o diálogo com o público. Atuando entre 1979 e 1985, o grupo recifense que publicou 319 livros teve como uma de suas casas o Instituto Joaquim Nabuco (IJNPS), atual Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), será homenageado nas telonas. A Sala Derby do Cinema da Fundação, no bairro do Derby, recebe nesta segunda-feira (26), às 19h, a estreia do documentário Edições Pirata, o Filme.

>> Leia a coluna Giro desta segunda-feira, 26/08/2024

A produção comemora os 45 anos de fundação da Edições Pirata, completados no dia 17 de agosto. “A história do Edições Pirata pode, num certo sentido, ser espelhada com a do Cinema da Fundação. Não pela maneira marota com a qual aquela agitação literária publicava seus trabalhos no passado, mas pelo espírito marginal no cerne de seu conceito. O Edições Pirata abriu espaço a uma nova geração de autores, e não apenas aos jovens autores. Veteranos também foram contemplados, colocando-os lado a lado daqueles que davam seus primeiros passos na literatura”, celebra o coordenador do Cinema da Fundação, Luiz Joaquim.

O documentário é resultado de um curso de cinema promovido pela Academia de Formação Audiovisual (AFA Filmes) e que contou com aulas no campus Ulysses Pernambucano da Fundaj, no Derby. A instituição reforçou e rememorou sua proximidade com o movimento. “O que faz o Cinema da Fundação senão abrir seu espaço para realizadores iniciantes locais e nacionais? Dando a estes, como palco, o mesmo espaço que abriga a melhor programação dos mais conceituados cineastas do mundo. Em outras palavras, os instrumentos são distintos – o livro e a sala de cinema – mas o espírito que dribla o mainstream é o mesmo”, finaliza Luiz Joaquim.

Na obra, o roteirista e diretor Paulo Lins retrata os nascedouros da mobilização, a partir das dinâmicas políticas da época. O país estava em crise de sua democracia, marcado por conflitos políticos e sociais, e os personagens desenhavam suas vidas driblando ações do regime militar instalado com o golpe de 1964. “Edições Pirata, o Filme é um exercício de memória, que constrói pontes entre épocas da história brasileira do século XX”, diz a sinopse.

Ficam eternizados no documentário, através de depoimentos históricos: Myriam Brindeiro e Tarcisio Pereira (em memória), Eugênia Menezes, Andréa Mota, Luzilá Gonçalves, Maria de Lourdes Hortas, Marco Polo, Jomar Muniz de Brito, Cida Pedrosa, Cláudia Cordeiro e Raimundo Carrero. O documentário conta com vídeos recuperados de lançamentos de livros com a presença dos poetas já falecidos Alberto da Cunha Melo e Celina de Holanda, e da atriz Geninha da Rosa Borges, entre outros.

“Apesar de não ter participado ativamente do movimento Pirata, o roteirista e diretor Paulo Lins foi capaz de apreender o espírito do movimento, transformá-lo em cenas memoráveis e trazê-lo com maestria para as telas do cinema onde, certamente, transmitirá aos espectadores as emoções vividas por aqueles intelectuais que acreditavam na literatura como forma de transformar a realidade que permaneceu por 21 anos assombrando os ideais libertários do povo brasileiro”, destaca a articuladora e pesquisadora editorial do documentário, Salete Rêgo Barros.

Movimento cultural

Foram mais de 300 livros publicados de forma independente. Edições Pirata sempre interagiu com outras áreas culturais, envolvendo diversas instituições, públicas e privadas. Além dos lançamentos das publicações, eram realizadas exposições de artes, shows musicais, espetáculos de teatro e recitais de poesia.

O movimento editorial foi liderado pelos poetas Jaci Bezerra, Alberto Cunha Melo, integrantes da Geração 65, e pela escritora Eugênia Menezes. Dos doze lançamentos coletivos, três foram da Coleção Piratinha, com livros dirigidos ao público infanto-juvenil. Também foram editados vários autores, catálogos, o jornal Cultura e Tempo e três fascículos da revista Pirata Edições, que chegou a ter correspondentes no Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Paraíba, Sergipe, Argentina e na Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.

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