Por Mareu Araújo
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Pelo palco do Santa Isabel já passaram espetáculos de autores que vão de Shakespeare a Dostoiévski, mas quem for ao local neste sábado (13), conferir a única apresentação de “Amantes do Teatro – A Comédia”, vai se deparar com uma mistura inteligente e engraçada de toda a história dessa grande arte. O Giro Blog conversou com a diretora, atriz, bailarina e produtora cultural Ana Guasque para saber um pouco mais sobre a obra.
“Como consegue fazer tanta coisa?” Às gargalhadas, Ana brinca: “Meu marido diz que não queria viver em minha cabeça!”. Mas logo ela confessa algo que muitas mulheres vão entender: “Somos múltiplas. Qualquer mulher da nossa sociedade tem uma jornada dupla, tripla de trabalho. A gente lida com a casa, com a sociedade, com a família, com nossos empregos”.
E é a partir de múltiplas passagens no tempo que o espectador de “Amantes do Teatro” vai descobrir um pouco mais sobre a história de uma das artes mais antigas do mundo. Acompanhada do ator Eduardo Mossri, Ana busca compreender a si mesma e a dimensão da duradoura amizade entre os dois. Sobre a peça, conta: “É um conjunto de textos clássicos. Tem a Grécia Antiga, o Renascimento, o francês Molière, muita commedia dell’arte, textos russos”. A atriz garante que o propósito da noite é um só: “Fazer uma comédia com consistência para todos!”.
Quando Ana diz “para todos”, é verdade! Como meio de promover a democratização do acesso à cultura, o espetáculo corre 15 cidades do país levando acessibilidade, por meio de audiodescrição e um intérprete de libras. Além disso, um exemplar em braile de todo o roteiro da peça será ofertado a APEC, a Associação Pernambucana de Cegos. “Existe uma lei extremamente necessária de inclusão de pessoas com deficiência, isso deveria ser algo comum em todos os meios e ambientes. Dentro da própria Lei Rouanet há uma norma de acessibilidade nos espetáculos”, pontua.
“Quando visitamos escolas públicas, falamos sobre a escola do teatro ao longo do tempo. Essa era do Tik Tok acaba esquecendo que temos uma história, um passado”, reflete. No Recife, com a apresentação acontecendo em um sábado, a conversa será após a encenação, com expectativa de um público ainda maior. “A gente quer que todo mundo tenha acesso à cultura, sabe? Para isso, disponibilizamos alguns ingressos para a rede pública de ensino da cidade. A gente quer que os jovens se aproximem da arte”, defende.
Multifacetada, com uma obra que pretende atingir a todos e pronta para facilitar o acesso à cultura, Ana Guasque não espera que os espectadores “morram de rir”. Muito pelo contrário: “Venham viver de rir com a peça pulsando em seu corpo. Espero que você sinta a vida fluir de tantas risadas!”, arremata.