Mais antigo queijo produzido no Brasil, o coalho é tema de exposição na primeira edição do Fenearte – Cozinha de Território. A partir deste ano, a Feira Nacional de Negócios do Artesanato, que está ocorrendo em Olinda, passa a ter uma arena para a valorização de receitas e ingredientes que, mais que o corpo, alimentam também a cultura e a identidade pernambucana.
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“Desde 1985, a UNESCO recomenda que os países mapeiem e evidenciem seus patrimônios além da pedra e do cal, ou seja, seus patrimônios imateriais. Neste sentido, alguns alimentos sintetizam formas especiais do ser social no mundo” , diz o antropólogo Bruno Albertim, idealizador do projeto, que assina a curadoria da exposição com o arquiteto e pesquisador Lúcio Omena.
A exposição terá abertura com um “café da manhã” às 10h deste domingo (7), dentro da programação do território expandido da Fenearte, no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa. Entre vídeos, documentários, fotos antigas e objetos raros como carros de boi e pesadas prensas de madeira para queijo do acervo do Queijo de Coalho de Pernambuco, em Garanhuns, datadas da primeira metade do século 20. “O queijo, em Pernambuco, é um alimento civilizatório. Com a chegada do gado ainda no século 16, Pernambuco se interioriza rumo ao Agreste e Sertão.
Além da história do queijo de coalho até sua consagração no paladar pernambucano, o público terá acesso também às informações sobre o queijo de coalho do Agreste de Pernambuco, variante do produto que é alvo de um amplo processo pelo reconhecimento de sua Indicação Geográfica. “Ou seja, estamos falando de um queijo único, capaz de traduzir a cultura do terroir do Agreste de Pernambuco. E quando um queijo como esse é valorizado, estamos também contribuindo para o fortalecimento de uma importante cadeia da economia social. Mais de 120 mil famílias vivem diretamente em Pernambuco da produção do queijo de coalho”, comenta Lúcio Omena.
Um dos fatores determinantes para o sabor único e nitidamente lácteo do queijo do coalho do Agreste é a palma forrageira como base da alimentação dos rebanhos. Assim, o público da exposição poderá interagir com uma floresta cenográfica de cactos criada pelo artista e designer Isac Filho. A identidade gráfica é de Neto Spinelli e a produção executiva, de Eduardo Borba. A exposição Coalho – Um Queijo de Pernambuco tem consultoria da professora Vânia Duarte Lemos e Joana Dark Souza, respectivamente, diretora e monitora do Museu do Queijo de Pernambuco.
Mais exposições
No Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, o público pode conferir também as exposições: O Objeto Que Toca, sobre a obra de Tavares da Gaita, e A Pintura Que Grita os Devaneios da Terra, de Cristiano Lenhardt. O Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa funciona de terça a domingo, das 9h as 17h, com entrada gratuita.