ROBSON GOMES
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Desde que o mundo é mundo, uma premissa se mantém absoluta séculos após séculos: ser mulher não é uma tarefa fácil. E quando ela não se encaixa nos padrões impostos no universo patriarcal em que vivemos, é logo diminuída com adjetivos como subversiva, louca ou desequilibrada. Em meio a tantos dilemas, as mulheres da vida moderna podem refletir um pouco sobre isso no espetáculo Doidas e Santas, estrelado pela atriz Cissa Guimarães, que chega ao Teatro do Parque neste fim de semana, de sexta (15) até domingo (17).
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Nascida Beatriz Gentil Pinheiro Guimarães, em 1957, no Rio de Janeiro, Cissa também é Beatriz na montagem que estreou em 2010, dirigida por Ernesto Piccolo. Na peça, ela é uma psicanalista casada com Orlando (Giuseppe Oristanio), um homem machista e turrão que não tolera a ideia da separação.
Idealizado pela própria atriz e livremente inspirado no livro homônimo da gaúcha Martha Medeiros, numa conversa exclusiva com a coluna Giro, Cissa reforça a atemporalidade do espetáculo. “Doidas e Santas fala de uma das coisas mais antigas do mundo, que são as relações. O espectador não verá no palco apenas uma crise existencial de uma mulher de 60 anos. Ele verá o relacionamento dela com o casamento, com o trabalho, com a filha adolescente, com a mãe, com toda a família”, conta a atriz e apresentadora, que, além de Giuseppe, divide o palco com Josie Antello, que dá vida à tríade de personagens (irmã, mãe e filha) que representa “as mulheres da vida” de Beatriz.
“Relações humanas são temas necessários de falar pois hoje em dia, cada vez mais, pessoas da mesma família se distanciam e não conversam. E a minha personagem tem coragem de mudar a vida dela toda em busca da felicidade, chutando o pau da barraca do que seria um relacionamento estável”, completa Cissa.
Ao gerar identificação do público com os dramas de Beatriz, a atriz carioca celebra as respostas que já recebeu dos espectadores por onde passou nestes mais de dez anos em cartaz: “Tenho relatos de pessoas que estavam em crise no casamento, viram a peça, deram um jeito, e hoje estão ótimos. Teve pessoas que tomaram a iniciativa de separar, assim como a Beatriz. Nesse tempo todo, nos tornamos uma espécie de consultório psicológico. Uma terapia de casal que estamos promovendo ali com a peça também”.
Com uma espontaneidade e simpatia ímpares, ver Cissa Guimarães nos palcos e não lembrar de seu lado apresentadora é quase impossível. Junto ao sucesso de Doidas e Santas, a artista tem colhido os louros do sucesso como a atual âncora do Sem Censura, nas tardes da TV Brasil de segunda a sexta. “Eu tô amando fazer o Sem Censura! É um programa muito importante para o Brasil, feito por uma televisão pública. A minha chegada veio agregar a uma construção que já estava feita. Estou cheia de gás trazendo o que eu posso de melhor, porque acho um programa icônico e relevante para divulgar nossa cultura e prestar serviços importantes aos telespectadores. Me sinto muito feliz com o sucesso que está fazendo”, comemora.
Recife será a última parada desta comédia teatral, encerrando na capital pernambucana uma turnê comemorativa que circulou por vários cantos do país. E para a protagonista, perguntamos qual é o segredo desta eterna garota de 67 anos que segue “quebrando o coco, mas sem arrebentar a sapucaia”: “Buscar a sua felicidade sem medo de ser feliz, como a Beatriz – minha personagem – faz, sem medo de jogar para o alto rótulos e coisas que a cultura nos impôs. Você tem que ir no seu caminho e fazer o que acha certo, sem machucar os outros. Com o maior respeito, mas fazendo o que você quer com a sua liberdade”.
SERVIÇO
Doidas e Santas – com Cissa Guimarães, Giuseppe Oristanio e Josie Antello
Sexta (15) e sábado (16), às 20h; Domingo (17), às 17h, no Teatro do Parque.
Ingressos a partir de R$60 (meia), à venda on-line.