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‘Adolescência’: advogada comenta lições deixadas pela série

O sucesso da minissérie britânica Adolescência, da Netflix, reacendeu um debate essencial sobre letramento digital e a proteção de dados de crianças e adolescentes no ambiente virtual. A trama, que mostra um garoto de 13 anos apreendido pelo assassinato de uma colega da escola, expõe questões delicadas como cyberbullying, exposição indevida de menores e os desafios enfrentados por famílias na era digital. Especialistas apontam que o controle parental é fundamental, mas não pode ser a única resposta para mitigar riscos.

“O problema vai além da supervisão familiar e envolve a responsabilidade das plataformas digitais, a necessidade de regulamentação mais eficaz e o compromisso de empresas de tecnologia com a segurança dos menores”, avalia a advogada Maria Wanick Sarinho, especialista em Propriedade Intelectual e Proteção de Dados do escritório Escobar Advocacia.

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No caso específico de crianças e adolescentes, a advogada ressalta que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) impõe uma camada extra de proteção, proibindo o uso dessas informações sem o consentimento explícito dos responsáveis legais. “A proteção digital de menores deve sempre estar pautada pelo princípio do melhor interesse da criança, conforme previsto na legislação nacional e em tratados internacionais”, reforça.

Para Maria Wanick, é preciso haver orientação dos pais e escolas para as crianças e adolescentes utilizarem as redes sociais e a internet em geral com segurança. “Estabelecer o diálogo sobre os riscos de chats com pessoas desconhecidas e para que conversem em casa quando se depararem com conteúdos que as deixem desconfortáveis é importante. Além disso, os pais podem, por meio das ferramentas de controle parental, ajustar algumas ferramentas, como impedir conversas com pessoas desconhecidas e impor limites diários de acesso às redes, por exemplo”, afirma a advogada.

Sarinho acrescenta que o controle parental não é sinônimo de vigilância extrema, mas de orientação. “Pais e escolas precisam estar preparados para ensinar crianças a navegar com segurança pela internet. O letramento digital se torna essencial para que os jovens desenvolvam um uso consciente e responsável da tecnologia. Ferramentas como Google Family Link, Microsoft Family Safety e Qustodio são aliadas na supervisão do que é consumido online, mas o diálogo contínuo ainda é o melhor caminho”.

A responsabilização das plataformas também deve ser parte central do debate. Especialistas apontam que os algoritmos das redes sociais direcionam conteúdos que podem ser inadequados para menores, o que exige maior fiscalização por parte das autoridades reguladoras. “As empresas de tecnologia precisam adotar posturas mais proativas na proteção de dados e na moderação de conteúdo. Não se pode atribuir toda a responsabilidade aos pais quando há uma estrutura tecnológica desenhada para maximizar o engajamento, muitas vezes sem considerar os impactos na saúde mental e no bem-estar infantil”, alerta a jurista.

Adolescência é produzida e escrita por Stephen Graham, que interpreta Eddie, o pai do jovem Jamie, e quem dirige é Philip Barantini A minissérie tem quatro episódios e está disponível no catálogo da Netflix e se transformou em uma das mais assistidas da plataforma em menos de um mês desde seu lançamento.

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