Jornalista, professora e criadora do Contente — perfil sobre relacionamentos e bem-estar que alcança 700 mil pessoas no Instagram — a pernambucana Daniela Arraes também tinha o sonho de escrever um livro. Mas ela se questionava: “O que eu tenho a dizer?”. O medo de arriscar a paralisou por anos, até que encontrou a raiz daquela insegurança: a Síndrome da Impostora. Essa crise interna, que afeta milhares de mulheres, é o tema central do seu livro Para Todas as Mulheres Que Não Têm Coragem, que será lançado nesta quinta-feira (10) na Livraria do Jardim. O evento terá um bate-papo com a participação da autora, da escritora Clarice Freire e da professora Fernanda Pessoa.
Antes de redigir a primeira linha, Daniela precisou enfrentar seus fantasmas interiores e reconhecer a Síndrome da Impostora em todas as suas faces: de não ser uma mãe boa o suficiente, de não superar uma depressão agravada pelo burnout, de congelar diante do luto ou até de não se sentir uma escritora de verdade. “É um fenômeno psicológico que nos enche de dúvidas. Que nos faz adiar justamente aquilo que mais queremos fazer. Foi aí que comecei a construir o livro. E foi um grande exercício de coragem pra mim”, revela, em conversa com o Viver.
Quando percebeu que a obra começava a respirar por si só, Daniela entendeu que precisava mergulhar de cabeça. Um mergulho profundo, corajoso, e que, para sua surpresa, ela não faria sozinha. “Ao escrever, percebi que a gente fala de nós mesmos, mas não só isso. Tem muito mais ali. Porque, mesmo com histórias diferentes, as pessoas passam por processos parecidos”, explica a autora.
Foi essa compreensão que a levou a reunir vozes poderosas no livro. De Dandara Pagu a Monique Evelle, passando por Rafa Brites, Vivi Duarte, Mari Palma e Carol Burgo, foram realizadas entrevistas que iluminam o fenômeno da Síndrome da Impostora com diversas vivências. “Queria que outras mulheres também explorassem essa conversa com conforto, liberdade e pluralidade. Mulheres com histórias e vidas diferentes, mas que, de algum modo, estão falando sobre a mesma coisa.”
Para Todas as Mulheres Que Não Têm Coragem se propõe a ser uma espécie de diário de bordo para a jornada interior. Através de exercícios reflexivos, conduz o leitor por questionamentos essenciais: Por que você se olha de forma tão cruel? Por que não segue, mesmo sabendo que é o que precisa fazer? Que dores constituem você? “O que eu recebo das pessoas é que não dá para ler tudo de uma vez. É uma leitura que exige pausas e reflexões”, adianta Daniela.
E esse processo transborda das páginas para a vida real. Nos eventos de lançamento, as rodas de conversa viram espaços onde mulheres compartilham suas angústias e vulnerabilidades sem julgamentos e descobrem padrões. “É lindo ver como as pessoas se abrem, criando laços através de histórias que pareciam únicas, mas são tão comuns”, descreve a autora. Assim, o que começa como uma simples leitura termina como um ato coletivo de coragem.