O trap, o rap e o funk juntos, representados por artistas diversos, numa melodia acústica, muitas vezes romântica. Esse é o Poesia Acústica, fenômeno na música e nas redes sociais, que alcançou as rádios com canções longas, algumas chegando a ultrapassar 10 minutos – na contramão do que têm se visto em todo o mercado musical. Lançado em 2017 pelo produtor musical Lucas Malak e empresário Paulo Alvarez, o “Poesia” é um movimento próprio, que em 16 canções já lançadas soma cerca de 4 bilhões de views, um sucesso de público. E nesta quinta-feira (21), esses artistas ganham um especial no Som Brasil, na TV Globo, logo após Mania de Você, com entrevistas e musicais exclusivos. A coluna Giro, inclusive, acompanhou a gravação deste programa nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro.
>> Leia a coluna Giro desta quinta-feira, 21/11/2024
Pedro Bial dirige a entrevista com Lucas e Paulo; e reúne ainda um time de artistas que colaboraram ao longo das músicas nas quais surgiram parcerias musicais inéditas. Azzy, Delacruz, Lourena, MC Cabelinho, MC Hariel e Xamã compartilham a experiência, e o quanto as participações foram importantes para suas carreiras, uma vez que abriram caminho para levarem sua arte a novos públicos, já que a proposta do “Poesia” é convergir nomes de diferentes estilos, mas sempre ligados à cultura de rua, em especial da periferia.
“O Poesia Acústica é um projeto onde a gente reúne MCs em cima de um instrumental acústico, e subimos no canal da Pineapple”, explica Malak. Azzy também acrescenta à definição: “Reúne diversos artistas de diferentes nichos, e trouxe a liberdade de a gente poder falar o que a gente quiser; de misturar os estilos que a gente quiser, embora seja muito funk, muito rap […], as pessoas ainda tentam limitar os artistas sobre estilos, melodias no geral, então acredito que o ‘Poesia’ veio para quebrar isso”, conta.
Enquanto Malak propõe a base acústica, os participantes de cada edição criam as letras. “Sempre tento achar um caminho que talvez já tenha dado certo, mas com uma nova linguagem musical. Então pego as referências que eu sempre tive, e tento extrair delas mais e mais, mas sempre num beat que esteja na moda”, revela Malak. “Todo mundo tem que estar conectado para fazer a coisa dar certo, desde o beatmaker até quem vai masterizar a faixa”, coloca MC Cabelinho.
Muitas letras seguem a temática romântica, e Delacruz destaca como gerações anteriores do rap e da cultura urbana abriram caminhos para que isso fosse possível: “A nossa geração pode fazer isso e devemos aos Racionais, Sabotagem, Marcelo D2, Planet Hemp”, diz. Para muitos desses artistas, as colaborações no ‘Poesia’ foram essenciais. “A primeira música que eu vi minha tocando nas lojas, no shopping, foi o ‘Poesia Acústica’. Antes, minha música não entrava nesses lugares”, lembra MC Hariel.
Além da arte dos MCs, o grafitti é um dos elementos que faz parte da cultura hip-hop. Ao explorar o assunto, o especial traz, pela primeira vez no Som Brasil, duas artistas urbanas fazendo grafites em contêiners durante a gravação das entrevistas, mostrando o desenvolvimento e produção das obras. Landara Marcele, carioca, artista visual independente, que atua na área da criança e adolescente há mais de sete anos, realizando atividades socioculturais em espaços públicos e privados de ensino, prezando pela pauta do direito e respeito às crianças e adolescentes; e Rafa Mon, mineira, que começou que carreira como estilista e, mais tarde, passou a se dedicar às artes plásticas, expondo suas obras pelos muros do Rio de Janeiro.