ROBSON GOMES
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“Sou do Recife, com orgulho e com saudade, como dizia o Frevo Nº 3, e gosto muito de pitombas! Essa é minha característica”, é assim que Marco Nanini se apresenta, com felicidade, para esta entrevista exclusiva para a coluna Giro. Apesar de não ser segredo para ninguém, ele não precisava recorrer à canção eternizada por Claudionor Germano para comprovar o carinho pela terra em que nasceu e deixou aos cinco anos de idade. Seu talento fala por si. Não à toa, ele é um dos homenageados na 23ª edição do Festival Recife do Teatro Nacional, que começa na próxima quinta (21).
>> Leia a coluna Giro desta segunda-feira, 18/11/2024
Aos 76 anos de idade, além de homenageado, Nanini terá a honra de abrir o Festival com o espetáculo Traidor, escrito e dirigido por Gerald Thomas, no Teatro do Parque, também nesta quinta, a partir das 19h30. “Ele é um autor bastante contemporâneo, e Traidor traz um texto que não tem uma estrutura convencional. Não há um enredo. São frações de pensamento desse homem, de um homem angustiado, e muito bem escrito. O público gosta muito da peça e estou muito contente com o espetáculo, não só por causa do texto, mas também pela direção, produção e toda a equipe envolvida. É algo que me agrada bastante fazer”, ressalta o ator.
Numa conversa consigo mesmo e suas indagações, o artista relembrou o processo de preparação para Traidor, que durou cerca de dois meses e meio: “Nesse espetáculo, tive que assumir um personagem que é confuso. Ele fala de tudo: da vida dele, da modernidade, de coisas que estão acontecendo… É diferente de tudo que fiz e gosto disso, porque é um desafio também. Tive que criar toda uma história para interpretar esse personagem”.
Com tamanha dedicação ao ofício de atuar, é no teatro que Marco Nanini se sente mais em casa. “Teatro é minha vida! Porque logo que me entendi como pessoa, eu quis fazer teatro. Quando tinha teatro na escola, achava aquilo muito interessante! Ali não tinha profissionais da área, mas adorava aquela situação de fazer uma peça. Eu quis muito fazer isso dali por diante e é o que eu tenho feito até hoje. Eu já vivi muitas vidas graças ao teatro”, relata emocionado o artista, que tem mais de 30 peças em seu currículo, entre elas, o arrasa-quarteirão O Mistério de Irma Vap, de 1986.
Mas ele não reservou sua vocação somente aos tablados. O cinema e a televisão também já tiveram a honra de testemunhar seu talento, com inúmeros sucessos. Só para citar alguns, Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995), Lisbela e o Prisioneiro (2003) e O Bem-Amado (2010) – estes dois últimos feitos em parceria com o diretor pernambucano Guel Arraes – nas telonas; e nas telinhas, novelas como Brega & Chique (1987), Andando Nas Nuvens (1999), em que foi protagonista, e Êta Mundo Bom! (2016), além da minissérie O Auto da Compadecida (2000), o programa TV Pirata (1988) e, claro, como o eterno Lineu da série A Grande Família, que ficou em cartaz na Globo de 2001 a 2014.
“O teatro tem um ponto. É uma referência grande para mim, pois ali começou tudo. Os outros eu tive que me adaptar. Porque quando fui fazer televisão, era tudo diferente. Aí fui observar, entender, compreender aquilo tudo. Só então, fiquei mais à vontade. A mesma coisa aconteceu com o cinema, porém gosto dos três. Até porque não gosto quando me falta um deles para fazer”, conta ele, que em breve, estará de volta à TV na continuação da novela Êta Mundo Bom!, prevista para o ano que vem.
E assim, ansioso para reencontrar com sua cidade natal, e com o gosto das pitombas, Marco Nanini está pronto para entregar seu talento ao público quando subir ao palco do Teatro do Parque. “Sempre acho que o Recife está perto de mim, como se eu estivesse dentro dele. Eu tenho essa cidade dentro do meu coração. Então será uma honra me apresentar neste lugar”, derrete-se o ilustre conterrâneo.