ROBSON GOMES
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Fazer comédia não é uma tarefa fácil. Se desdobrar em cinco para arrancar o sorriso genuíno de uma plateia de milhares de pessoas, é mais difícil ainda, mas ele consegue. Nem que para isso se sinta “atazanado” pelos cinco personagens que ele mesmo criou. Assim é o ator e comediante carioca Rodrigo Sant’Anna, que desembarca no Recife neste fim de semana, no Teatro de Santa Isabel, para trazer seu novo espetáculo de humor, intitulado… Atazanado.
>> Leia a coluna Giro desta terça-feira, 17/09/2024
Na peça escrita por ele, com direção de João Fonseca, o público conhece cinco personagens, que os envolve em suas loucuras. E os tipos não poderiam ser mais inusitados: uma mãe rica que não aguenta cuidar dos filhos que estão sem a babá, um carnavalesco completamente equivocado, uma mulher do site de buscas que não tem paciência para perguntas tolas, um peru de Natal que volta do além revoltado com quem o devorou na ceia e ainda, em palavras comedidas, os lamentos de “uma nádega”.
“O espetáculo se chama Atazanado por isso, porque são coisas que lhe atormentam no dia a dia e você não percebe. E quando não sabemos porque estamos estressados, vejo aí um motivo para satirizar. Utilizo um pouco das situações cotidianas, trazendo personagens caricatos, para poder brincar em cima disso. A ideia do espetáculo surge daí”, explica Rodrigo Sant’Anna, em conversa exclusiva com a coluna Giro, reforçando o quanto ele gosta de dar vida a personagens.
Circulando com este espetáculo há quase um ano, para o intérprete de personagens marcantes como Valéria Bandida, do Zorra Total (Globo), e a Dona Graça, da série Tô de Graça (Multishow), poder estar no teatro com outros personagens é revigorante e aberto a improvisos: “Para mim, a comédia só é redonda se tiver improviso. Acho que faço isso [nesse espetáculo] desde o primeiro dia. Na minha visão, um espetáculo de comédia tem que ser vivo. Se você vai apenas respeitar o roteiro, acho que fica meio engessado. Pelo menos, para mim, funciona desse jeito. Estou improvisando o tempo inteiro”.
E construir personagens para serem engraçados não é uma tarefa simples. Em Atazanado, Rodrigo conta que o peru de Natal, por exemplo, exigiu muito dele. “Eu sempre achava que não estava bom o texto, que não condizia com essa época do Natal. Tive que ir melhorando por um bom tempo: fazia uma piada e não funcionava, eu mudava. Hoje, estou muito satisfeito como ele está”, detalha.
No alto de seus 43 anos de idade, o ator revela o quanto o ato de fazer as outras pessoas sorrirem o salvou. “Para mim, a comédia é um propósito, é minha missão. Antes, tinha até um pouco de vergonha de dizer isso porque eu não me considerava comediante, porque achava que precisava imitar alguém. Mas depois de tanto tempo praticando o humor dando vida a personagens, e sentir a grande troca do público, virou a minha chave”, conta Rodrigo, que completa: “Hoje faço isso com muito amor. A comédia é meu remédio para tudo. E apesar de eu não ser essa pessoa esfuziante no dia a dia, acho que ela me salvou dos meus próprios dramas”.
Dito isto, se você for conferir Rodrigo Sant’Anna aqui no Recife, atuando desde a fila, antes mesmo de as cortinas se abrirem para este espetáculo – em que ele leva até os próprios pais ao palco em um momento especial – saiba que ele está, apenas, cumprindo a missão dele: te fazer sorrir. E ao ser perguntado se ele tinha algo mais a acrescentar nesta entrevista, o ator sintetizou da melhor forma, como se estivesse falando com cada espectador que for prestigiá-lo: “Que você seja feliz”.
SERVIÇO
Atazanado – com Rodrigo Sant’Anna
Neste sábado (21), às 18h e 20h; e domingo (22), às 19h, no Teatro de Santa Isabel.
Ingressos a partir de R$50 (meia), à venda online.