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Cláudia Abreu leva as vozes de Virginia Woolf ao Teatro do Parque

ROBSON GOMES
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Claudia Abreu é a autora do monólogo ‘Virginia’ – Foto: Flavia Canavarro/Divulgação

Em 25 de janeiro de 1882, nascia em Londres, na Inglaterra, a pequena Adeline Virginia Stephen. Anos mais tarde, o mundo inteiro conheceria aquela menina como a escritora Virginia Woolf, que fez história na literatura na época do modernismo britânico. No outro lado do oceano e no século seguinte, nascia em 12 de outubro de 1970, no Rio de Janeiro, a pequena Cláudia Abreu Varella. Anos mais tarde, o Brasil inteiro a conheceria como uma das atrizes mais talentosas do país, com trabalhos reconhecidos no teatro, cinema e televisão. E como estas duas pontas se encontram? No espetáculo Virginia, escrito pela própria Cláudia Abreu, e que desembarca no Recife pela primeira vez para três sessões no Teatro do Parque, no bairro da Boa Vista, de sexta (2) a domingo (4).

A montagem, que traz a vida e obra da famosa autora inglesa, é fruto de um estudo feito pela atriz carioca, que mergulhou de cabeça em sua história. “Eu me apaixonei pela obra dela aos 18 anos, quando fiz [a peça] Orlando, com a diretora Bia Lessa. Depois nunca mais tinha entrado em contato com nada dela e voltei a ler de 2016 para cá”, disse Cláudia em entrevista exclusiva à coluna Giro. “Foi uma identificação tão forte que senti, que fui atrás da vida dela, de saber quem era a Virginia Woolf além do clichê da deprimida escritora que se matou no rio. Então li as biografias, as memórias, os diários e percebi que a vida dela era tão fascinante quanto a obra”, completa.

>> Leia a coluna Giro desta quarta-feira, 31/07/2024

Somando as leituras e o processo de composição do texto autoral, foram quase cinco anos. O resultado foi um desafiante e profundo monólogo, dirigido por Amir Haddad e Malu Valle: “Era importante que fosse monólogo, pois ela tirou sua vida porque não conseguia parar de ouvir vozes, e as vozes todas estão dentro da cabeça dela. Todos os personagens que faço em cena, que são essas vozes, esses fluxos de consciência que fizeram parte da vida dela, estão dentro dela. Então era necessário que fosse solitário”.

Mesmo com tamanha densidade dramática, a atriz ressalta que não é preciso saber quem é Virginia Woolf para se conectar com o espetáculo de aproximadamente 90 minutos de duração. “As pessoas podem ter uma sensação de que por não conhecê-la ou se tratar de uma personagem com final trágico, que esta seja uma peça de difícil compreensão. Na verdade, eu tento tirar essa impressão, porque esta é uma peça, sobretudo, que fala da existência, da complexidade humana. Ela fala de todos nós. Você não precisa conhecer Virginia para se identificar com a vida dela, pois falo da vida de uma pessoa como qualquer um de nós”, esclarece.

Com toda a segurança de uma atriz com quase 40 anos de carreira, Cláudia, que já brindou o público na televisão com personagens memoráveis como a Clara, de Barriga de Aluguel (1990), a militante Heloísa, de Anos Rebeldes (1992), a ambiciosa e vingativa Laura Prudente da Costa, de Celebridade (2003), e a cantora Chayene, de Cheias de Charme (2012), vê-la nos palcos em Virginia é um convite para testemunhar a imensidão de seu talento e versatilidade: “Isso é algo que sempre norteou minha carreira: querer trazer algo diferente para o público. Pois quando me ofereciam personagens parecidos, eu lutava contra isso porque, para mim, o interessante era exatamente poder fazer algo que pudesse ser novo, que surpreenda”.

Neste espetáculo teatral, Cláudia Abreu conta que se arriscou bastante, mas são estes mesmos riscos que a constituem como a artista que é hoje: “Este meu primeiro texto, realmente, foi um salto sem rede, poderia ter dado errado. Mas acho que o risco vale a pena, porque sem ele você não sai do lugar, e faz apenas mais do mesmo. Acho que o desafio é o que te impulsiona a andar para frente”.

SERVIÇO

Virginia – com Cláudia Abreu
Sexta (2) e sábado (3), 20h; Domingo (4), às 19h, no Teatro do Parque.
Ingressos a partir de R$70 (meia), à venda online. 

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