ROBSON GOMES
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“O que você estaria disposto a fazer para não perder o seu trabalho?”: Esta era a pergunta feita no cartaz de uma peça que fazia sua estreia em Montevidéu, em 2016, escrita pelos uruguaios Fernando Schmidt e Christian Ibarzabal. O espetáculo, uma comédia “friamente calculada” como era apresentada, fez tanto sucesso que logo ganhou montagens em outros países hispânicos, depois chegou aos Estados Unidos, e este ano, aterrissou em terras brasileiras mantendo os elementos de seu sucesso: um texto ágil, de humor insólito e cheio de surpresas. Assim é Radojka, que entra em cartaz no Recife a partir de amanhã no Teatro de Santa Isabel e fica até domingo, trazendo como protagonistas as talentosas Tania Bondezan e Marisa Orth.
>> Leia a coluna Giro desta quinta-feira, 25/07/2024
O espetáculo nos apresenta a história de Glória (Orth) e Lúcia (Bondezan), que trabalham em diferentes turnos para cuidar de Radojka, uma senhora sérvia que vive longe de sua família. Tudo funciona maravilhosamente bem até que, numa certa manhã, Glória descobre que Radojka faleceu após um fatídico acidente doméstico. A partir daí, o enredo se desenrola nos planos delirantes que as cuidadoras tramam para não perder o emprego, resultando em situações bizarras.
“São duas mulheres desesperadas, à beira de um abismo. E a comédia está nesse cenário”, explica Tania Bondezan em entrevista à coluna Giro. “Elas começam muito fofinhas, legais e vão perdendo a vergonha, os pudores, ultrapassando os limites da ética, porque as coisas vão se complicando. E a lealdade de uma com a outra também”, completa Marisa Orth.
A qualidade do texto foi o que levou as atrizes a dar vida a esse espetáculo. “São situações absurdas, mas muito reais. E a peça flui tão rápido, que se não teve tempo de entender uma coisa, já vem outra. Eles foram muito espertos nesse texto. As coisas acontecem e você não acredita que elas fazem o que fazem. E o resultado tem sido muitas gargalhadas”, garante Bondezan. “Desde que a gente estreou, a mesma sensação que eu tive ao ler o texto pela primeira vez é a mesma que o público tem: é de chorar de dar risada”, reforça Orth.
Assim como o magnetismo pelo texto foi imediata, a química em cena entre as atrizes que contracenam pela primeira vez, dirigidas por Odilon Wagner, tem sido explosiva e arrebatadora junto ao público. “Eu e Tânia combinamos muito. É uma atriz que sempre admirei. Quando comecei minha carreira no teatro, ela já brilhava nos palcos. Os meus mestres que trabalhavam com ela diziam que eu tinha uma energia semelhante a dela, que éramos parecidas. Mas nunca tive a chance de dividir cena com ela. E a gente tem se divertido muito juntas”, enaltece a intérprete de Glória.
A recíproca entre as veteranas é verdadeira. “Eu nunca tinha trabalhado com a Marisa, apesar dos diretores de teatro sempre compararem a gente no jeito de ser. E tem sido um encontro muito feliz nos palcos”, destaca Bondezan que, inclusive, foi responsável pela tradução do texto uruguaio para o português.
E se esta é uma comédia “friamente calculada”, as atrizes – que têm carreiras consolidadas também na televisão e no cinema – são assim em suas carreiras? “Absolutamente não. Gostaria até que fosse um pouco mais. As escolhas que fiz em minha carreira aconteceram muito pra mim no improviso, que nem esse texto”, responde Tânia. Já sua companheira de palco é no mesmo estilo, mas arremata: “Nada em mim foi friamente calculado. Acho a coisa mais chique quem consegue friamente calcular alguma coisa. Eu vou indo do jeito que está. Vou me jogando. Mas em relação a esse espetáculo, eu brinco que é uma comédia friamente calculada, mas calorosamente interpretada”.
SERVIÇO
Radojka – Uma Comédia Friamente Calculada
De sexta (26) a domingo (28), no Teatro de Santa Isabel.
Horários: Sexta, 20h; Sábado, 17h e 20h; Domingo, 17h.
Ingressos a partir de R$42, à venda online.