Por Mareu Araújo
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Uma das características notáveis do ser humano é a capacidade de reconhecer a felicidade de outra pessoa, mesmo que não esteja vendo sua expressão. Às vezes, durante ligações com amigos e familiares, sentimos o sorriso do outro lado da linha e nos contagiamos, mesmo estando a quilômetros de distância. O mesmo acontece quando ouvimos música, especialmente quando se trata de uma gravação ao vivo de um show. Paulo Miklos canta sorrindo no primeiro registro ao vivo de sua carreira solo, no álbum “Paulo Miklos ao Vivo”. E sorrindo, ele conversou com a Giro Blog sobre esse grande passo inédito em sua carreira.
Com seu lançamento, disponível em todas as plataformas digitais, Miklos trouxe regravações de seus grandes sucessos desses quase 30 anos de experimentações solo – seu primeiro disco foi lançado em 1994. Com 15 músicas, o álbum representa um momento de registrar a cumplicidade com sua banda. “Desde então, o pessoal está comigo. Fizemos shows e gravamos meus discos mais recentes. Dividir esse companheirismo com o público foi muito legal, foi uma noite bacana. Fico muito feliz em fazer um registro ao vivo”, relembra.
Gravado no ilustre palco do Blue Note, em São Paulo, Miklos conta que a escolha do local foi proposital para trazer o público para perto. “Nesse show, em especial, com o palco baixo, a relação foi bem próxima e calorosa. Em algumas músicas, você consegue ouvir a plateia presente, especialmente nos sucessos. Fizemos questão disso, para que quem ouvisse pelo aplicativo se sentisse em um show ao vivo!”, exalta.
Mas não é apenas a vibração do público que se consegue sentir. Miklos sorri enquanto canta: “Tenho um gosto muito especial por shows ao vivo. Traz muita verdade com o público, uma aproximação real, ver a reação das pessoas e saber que estão gostando, é muito prazeroso”, diz ele sorrindo. Além de estar disponível nas plataformas de áudio, o vídeo de todo o show está no YouTube para quem quiser conferir os sorrisos de Miklos.
O Giro pergunta sobre seus momentos preferidos e ele relembra quando homenageou seu grande amigo, o rapper Sabotage, falecido em 2003. Miklos e ele se conheceram nas filmagens de “O Invasor”, em 2001, dirigido por Beto Brant. Por ser a primeira experiência com atuação para ambos, a amizade nasceu e a admiração cresceu. “Gostei muito de recriar a música ‘Um Bom Lugar’ dele e também de cantar a composição que fiz para ele, ‘Sabotage Está Aqui’. Também fizemos um arranjo especial nessa homenagem”, conta.
Pois é, além de cantor, Miklos também é ator. “Minha vida é dividida entre as duas coisas simultaneamente. Gosto de ficar mudando de canal, não ter rotina e sempre ter uma história nova”, afirma rindo. Recentemente, ele esteve na série “Manhãs de Setembro” ao lado das cantoras Liniker e Linn da Quebrada. “Foi um privilégio ter atuado ao lado delas; é uma série muito real e forte. Musicalmente ainda não tive a oportunidade de trabalharmos juntos, mas quem sabe um dia, não é mesmo?”, torce.
No cinema, Miklos está em cartaz há sete semanas com o filme “Saudosa Maloca”, onde interpreta o sambista Adoniran Barbosa. “Tenho dois filmes ainda para serem lançados: ‘Estômago 2’ e ‘Carcaça’, do André Borelli, este último é um filme pequeno sobre um casal preso na pandemia. Nele, eu atuo ao lado da Carol Bresolin”, adianta.
O Giro aproveita uma das músicas mais famosas dos Titãs (uma das últimas que Miklos toca no Ao Vivo), escrita por Nando Reis, para questioná-lo se é “é cedo ou tarde demais para dizer adeus”, e ele responde veementemente: “Cedo! Tenho muita coisa para fazer. Tenho muita disposição e energia. Amo o que faço. Ainda vão me ver muito!”.