ROBSON GOMES
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Compositora contundente, instrumentista espontânea, intérprete de canto único e um humor peculiar: estes são os elementos que formatam esta artista carioca de 74 anos de vida e mais de 45 de carreira. Por tudo isso, icônica é pouco para resumir quem é Angela Ro Ro. A cantora estará no Recife nesta quinta-feira (11) para apresentar o show Cheia de Amor Pra Dar, a partir das 20h no Teatro do Parque, no bairro da Boa Vista.
“Neste espetáculo, faço um passeio desde o início da minha carreira, com hits que fui abençoada pelo público até hoje. Afinal, eu tenho essa benção, de ter feito sucesso logo com o primeiro álbum. E visito praticamente toda a minha discografia. Mas o que mais me emociona é poder falar de amor também”, conta Angela a coluna Giro.
Para ela, voltar à capital pernambucana também a deixa nostálgica: “O Teatro do Parque é um lugar que não vou há um tempão, mas já fiz tanto show lá… Para mim, é um lugar muito especial para fazer meu trabalho. E me sinto muito bem-vinda também no Recife”.
A voz rouca por trás de canções marcantes da MPB como Amor Meu Grande Amor e Simples Carinho também entrega outros detalhes de seu show. “Tem bossa nova, passa por um pouco de jazz, blues, rock… E entre uma música e outra, falo uma bobagem ou qualquer coisa que vem na minha cabeça na hora, porque gosto muito dessa interação. É incontrolável! Sou uma palhaça, comediante… Não adianta”, confessa, aos risos. E completa: “Por mais que a coisa esteja ruim no mundo inteiro, tenho consciência disso, o humor me acompanha. Costumo dizer que o humor é o irmão mais inteligente do amor”.
Ao longo destas quatro décadas, vários artistas já gravaram canções escritas por Angela Ro Ro, como Simone, Vânia Bastos, Marina Lima, Ney Matogrosso, Zélia Duncan, Virgínia Rodrigues, Emílio Santiago, Frenéticas, Barão Vermelho e, sua diva-mor, Maria Bethânia. “É um barato, não é? Eu acho excelente! Não podia ser melhor, porque vai passando de geração em geração. Amor Meu Grande Amor, por exemplo, foi perpetuada de canto a canto, de cantor em cantor, de grupo em grupo, de cantora em cantora. E isso me deixa muito feliz”, comemora.
No ano passado, a carioca participou de alguns shows da turnê comemorativa de Caetano Veloso dedicada ao disco Transa (Universal Music, 1972), considerado um dos álbuns mais célebres da MPB, onde ela gravou gaitas na música Nostalgia: “Foi algo impressionante! Quando Caetano anunciava meu nome no palco, era acolhida com muito carinho. Ao entrar ovacionada, eu, que tenho um sorriso fácil, me derretia toda. Caetano é de uma sensibilidade, de uma gostosura… Onde ele põe a mão tem libido, tem sensualidade, tem ritmo. O Caetano não faz a moda, ele está sempre na moda, entendeu? Foi uma experiência maravilhosa!”
Amor à música
Ao lado de Ricardo Mac Cord, maestro que a acompanha há mais de 30 anos, Angela está disposta a entregar tudo de si para o público pernambucano e fazer o que sabe de melhor: uma música atemporal e autêntica.
“A música não é a coisa mais importante para Angela Ro Ro. É a coisa mais importante para Angela Maria. Eu soube disso desde os meus seis anos de idade, quando ganhei uma sanfona de presente. Hoje eu ‘piloto’ piano e digo que a música sempre foi minha brincadeira favorita. É sempre um prazer. É tudo na minha vida”, sintetiza Angela Maria Diniz Gonsalves, uma sagitariana com ascendente em câncer e lua em gêmeos, que namora uma taurina, e subirá ao palco do Teatro do Parque, como o próprio nome do seu show diz, cheia de amor para dar.