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Aos 76 anos, Alcione fala sobre sexo: “Tem gente que acha que, quando envelhecemos, não temos desejos”

Pedro Cunha
Especial para o Blog Giro

A cantora Alcione foi enredo da Mangueira no carnaval 2024 – Foto: Instagram/Reprodução

Alcione, a nossa Marrom, tem celebrado sua bem-sucedida trajetória de 50 anos de carreira com direito a muitas homenagens, como ter sido enredo da Mangueira, no carnaval deste ano, sua escola de coração; e também da versão mirim que fundou e é presidente de honra, a ‘Mangueira do Amanhã’. Além disso, tem o show que tem rodado o Brasil em turnê comemorativa, a cinebiografia O Samba é Primo do Jazz, dirigido por Angela Zoé; e o espetáculo Marrom, o Musical, escrito e dirigido por Miguel Falabella que já se apresentou em várias cidades.

A realeza do samba, aos 76 anos de idade, é um acontecimento que não leva desaforo para casa. É lenda que há cinco décadas consegue se conectar com o público como ninguém. Feito e tanto. A cantora se apresenta neste sábado (9), no Mirante do Paço, no Recife.

Considerada ‘A Voz da América Latina’ pela ONU, Marrom conversou com exclusividade com o Blog Giro sobre sexo na melhor idade, racismo, feminismo, cuidados com a saúde e espiritualidade. Confira a entrevista.

ENTREVISTA // ALCIONE

Blog Giro – São 76 anos de idade. O que você faz para se cuidar?
Alcione –
Tento cuidar bem das minhas refeições, fazer checkups anuais. Estou fazendo fisioterapia por conta da cirurgia de coluna que fiz recentemente. Também procuro dormir bem porque o sono é o melhor remédio para a voz.

BG – Qual avaliação você faz dos 50 anos de carreira?
Alcione
– Essa é uma celebração que só se tornou possível porque os meus fãs sempre mantiveram-se fieis, sempre me acompanharam nessa trajetória. Devo tudo ao público, ele me ajudou a construir uma carreira tão longeva e, felizmente, exitosa.

BG – Seus looks e suas unhas são marcas registradas na sua personalidade. De onde vêm as ideias?
Alcione – Sempre fui muito vaidosa, desde criança. Minha mãe nos incentivava a cuidar da aparência. Mas hoje tenho profissionais competentes que me auxiliam nessas tarefas.

BG – Brilhos, franjas, acessórios vistosos, enormes unhas postiças, esmaltes cintilantes, maquiagem carregada. Você se considera uma escrava da moda?
Alcione –
De jeito algum! Sempre gostei de brilhos, e acho que fui a primeira artista brasileira a usar esse tipo de unhas. Meu estilo é meu mesmo, estilo Alcione.

BG – E qual sua relação com a moda?
Alcione –
Minha visão de moda é bastante pessoal. Uso o que acho que me cai bem, o que realmente gosto e sem pensar se é tendência ou está na moda. Mas, apesar de trabalhar com diversos profissionais talentosos, quem assinou os figurinos do meu mais recente espetáculo foi o estilista Gebran Smera.

BG – Como define a sexualidade na maturidade?
Alcione –
Tem gente que acha que, quando envelhecemos, não temos desejos…ou direito a eles, o que é pior. O sexo na maturidade pode ser até melhor, tem várias modalidades e o repertório, com o tempo, pode ser bem mais vasto.

BG – O que é ser uma mulher empoderada para você?
Alcione –
Ter autoestima, respeitar-se, ser dona de sua história. Sempre ouvi, durante a juventude em São Luís, que deveria ser independente. Meu pai dizia: ‘Filha, tenha sua própria casa, não deixe nenhum homem te tirar dela. Seja independente!’. Segui seus conselhos e acho que é uma boa mensagem para as mulheres. Quantas delas, até hoje, vivem à mercê de homens por questões financeiras e não têm como desvencilhar-se até mesmo de abusos por conta disso? Fica o recado.

BG – Você se considera feminista?
Alcione –
Acho que se respeitar, saber seu lugar no mundo e não baixar a cabeça para ninguém. Se essas atitudes podem delimitar o que seria “feminista”, então, certamente, eu sou sim.

BG – Você já foi vítima de racismo? Para você, as leis precisam ainda ser mais duras no combate a esse crime?
Alcione –
E quem não foi? Mas jamais me curvei, sempre andei de cabeça erguida porque não trago marcas de chicotes nas costas. Aprendi, desde cedo, com meus pais, a ter autoestima. Quanto às leis, não sei se precisamos de mais leis ou, simplesmente, de buscar o cumprimento real delas. Essas pessoas não podem continuar praticando crimes e impunes por aí.

BG – Como você define a sua espiritualidade? Costuma fazer algum ritual, como rezar todos os dias
Alcione –
Sou espírita e, sempre que posso, frequento sessões e procuro a proteção dos meus mentores espirituais. Sim, faço minhas orações, frequentemente, aos meus santos e orixás.

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