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Ortinho apresenta álbum ‘Repensista’ em show com participação de Maria Alcina

ALLAN LOPES

A revolução musical nordestina dos anos 1970, que fundiu psicodelia ao Sertão sob a lente de visionários como Alceu Valença e Lula Côrtes, encontra seu herdeiro contemporâneo no Teatro do Parque, amanhã, às 19h30. Ortinho transforma as canções do seu novo álbum, Ortinho Repensista, em uma experiência ao vivo pela primeira vez. A noite terá um elemento extra de poder e rebeldia com a participação da cantora Maria Alcina, ícone de voz grave e inconfundível, que sobe ao palco para dividir a cena.


Batismo artístico de Wharton Gonçalves Coelho Filho, Ortinho é a voz do Nordeste psicodélico de hoje. No palco, ele leva a escrita visceral e pessoal que já revelava nos tempos da banda Querosene Jacaré, agora filtrada em nove faixas que são um diálogo entre a contracultura do passado e uma abordagem “mais contemporânea, mais universal, mais minha”, como ele mesmo define, em conversa exclusiva com o Giro.


O artista amplia a proposta do EP lançado em 2024, resgatando canções como Grito de uma Arara, em parceria com ninguém menos que Marco Polo, voz do mítico Ave Sangria e já presente em Caruarus, disco de 2022. “A partir dessa faixa, mergulhei de novo nas sonoridades que sempre me inspiraram. Escutei muita coisa, buscando o fio condutor dessa estética”, aponta. Por meio de composições abstratas, o que define como ‘linguagem orquídica’, ele apresenta músicas enraizadas no popular, misturando repente e a tradição da literatura de cordel.

Cantor e compositor caruaruense Ortinho (Foto: Divulgação)

De Repente Cássia Eller, por sua vez, nasceu de uma promessa feita pelo pernambucano a Cássia no Festival de Inverno de Garanhuns, em 2001. A composição foi criada meses depois, mas a notícia do falecimento da artista, no final daquele ano, o levou a guardá-la na gaveta. Após perceber a atmosfera do novo disco, ele decidiu que era o momento certo para registrar a faixa em definitivo. “É toda construída em forma de repente e, quando fecho os olhos, só consigo imaginar a voz dela”, lamenta.


Na percepção do músico, a psicodelia do Nordeste, muitas vezes relegada às cenas alternativas, também tingiu de cores alucinadas os trabalhos de gigantes como os baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso nos álbuns Expresso 2222 e Araçá Azul, respectivamente. “Eram profundamente psicodélicos à maneira deles. Os dois ajudaram a moldar essa estética que não é só regional, mas é brasileira e universal”, destaca Ortinho, que soma parcerias com Arnaldo Antunes, Chico César, Zeca Baleiro e Jorge Du Peixe.


Assim como seus antecessores, Ortinho não produz canções para agradar ao paladar do mercado, mesmo sabendo que essa escolha o mantém distante dos radares comerciais. “Para mim, a música boa hoje é a marginalizada”, atesta. “É uma forma de incentivar a nova geração a buscar suas próprias referências, a não ficar presa em bolhas e formar opinião própria”. Nem underground, nem mainstream, Ortinho é um nome que não cabe em categorias justamente porque as transcende.

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