ROBSON GOMES
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Uma trajetória de paixões e resistência: assim pode ser sintetizada a carreira de uma das artistas mais celebradas do nosso país, que completa 95 anos nesta quarta-feira (16). Seu nome de batismo é Arlette Pinheiro Esteves da Silva, mas o público a reconhece e aplaude na televisão, no cinema e no teatro como a grande dama da dramaturgia brasileira, Fernanda Montenegro.
>> Leia a coluna Giro desta quarta-feira, 16/10/2024
Nascida em 16 de outubro de 1929, em Campinho, no Rio de Janeiro, a estrela pisou em um palco pela primeira vez aos oito anos para participar de uma peça da igreja. Mas sua estreia oficial foi em 1950, ao lado do marido Fernando Torres, no espetáculo 3.200 Metros de Altitude, de Julian Luchaire.
Pioneira da teledramaturgia nacional, Fernanda foi a primeira atriz contratada da antiga TV Tupi, no Rio, em 1951, onde fez mais de 80 peças para a televisão em dois anos. Conciliando a carreira com o teatro, e conquistando vários prêmios por seu trabalho, foi para a TV Rio e em 1965, chegou à TV Globo, onde está até hoje. E também foi na década de 1960 que a estrela iniciou sua trajetória de sucesso nas telonas.
FERNANDA E PERNAMBUCO
Sempre recebida com honra por prefeitos e governadores, a atriz carioca tem importantes capítulos de sua carreira escritas aqui em Pernambuco. No teatro, apresentou no Recife vários espetáculos como Dona Doida e The Flash and Crash Days no palco do Santa Isabel, além de Fedra e Dias Felizes no Teatro Guararapes, em Olinda, sempre com casa cheia.
Amiga da saudosa atriz Geninha da Rosa Borges e do escritor Ariano Suassuna, foi o fruto desta amizade que veio o privilégio de ser convidada para fazer o papel da Compadecida no clássico filme e minissérie O Auto da Compadecida, dirigida pelo conterrâneo Guel Arraes em 2000.
Mas antes disso, seu principal ato em terras pernambucanas veio com o filme Central do Brasil (1998). Na época, a produção de Walter Salles – que lhe rendeu a indicação ao Oscar de Melhor Atriz – teve sua primeira exibição nacional aqui no Estado, logo após o longa passar pelo Festival de Berlim, na Alemanha. Coroando o encerramento de um Cine PE, com o Teatro Guararapes abarrotado de gente, Fernanda Montenegro foi aplaudida e ovacionada longamente, de uma maneira nunca vista até então, antes mesmo do filme exibir seus créditos finais, levando ela ao palco ainda na escuridão do espaço para que a artista recebesse as homenagens e o carinho do público, quebrando todos os protocolos.
FLORES EM VIDA
Diante da grandeza e magnitude da potência que Fernanda Montenegro representa para as artes do Brasil, qualquer homenagem é pouco para celebrar seus 95 anos de vida e 80 de carreira. Mesmo assim, há celebrações na TV aberta e fechada entre hoje e amanhã.
Nesta quarta, na TV por assinatura, o Canal Brasil dedica o dia inteiro de sua grade para exibir os longas estrelados por Fernanda. E amanhã, a Globo exibe o episódio inédito da série especial Tributo, voltada a este ícone da dramaturgia nacional, logo após a novela Mania de Você.
O fato é que, seja nos tablados do teatro, nas telas da TV e nas telonas do cinema, é mais que necessário estender um eterno tapete vermelho, pois sempre é tempo de aplaudir Fernanda Montenegro. Bravo!