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10 anos sem ‘Glee’: qual o legado que esta série deixou?

ROBSON GOMES
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Há exatos dez anos, o mundo presenciava o apagar das luzes da série musical norte-americana Glee através de seus dois últimos episódios, exibidos em sequência. Intitulados 2009 e Dreams Come True (Sonhos Se Tornam Realidade, em tradução livre), estes capítulos encerraram uma história contada em seis temporadas e 121 episódios, sendo estes o 12º e o 13ª da sexta e última temporada. No ar entre 2009 e 2015, o show criado por Ryan Murphy, Brad Falchuk e Ian Brennan passou por todas as fases de uma carreira artística: do estrelato ao ostracismo, do auge da fama à baixa audiência na reta final, além de perdas trágicas no elenco – durante e após a série –, escândalos pessoais e tensão nos bastidores entre atores que não se davam bem fora das câmeras.

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Para quem nunca ouviu falar, a série Glee conta a história de um clube do coral (um glee club) formado no Colégio William McKinley, em Ohio, liderado pelo professor William Schuester (Matthew Morrison): o Novas Direções. Considerados “perdedores” por toda a escola de ensino médio, os integrantes deste coral encontravam acolhimento e aceitação para serem quem são dentro daquela sala ao mesmo tempo que enfrentam dilemas pessoais, tudo isso regado a performances de músicas do cancioneiro pop, rock e dos musicais da Broadway.

Nestes episódios geminados, exibidos em 20 de março de 2015, 2009 volta aonde tudo começou, para mostrar o motivo pelo qual os primeiros membros do Novas Direções entraram para o clube. Ao passo que o episódio final dá um salto adiante no tempo, no presente (2015) e no futuro (2020), para contar os emocionantes desfechos dos principais personagens, temperados com canções icônicas do ABBA (The Winner Takes It All), Diana Ross (Someday We’ll Be Together), uma canção original [a arrebatadora This Time, composta pelo ator da série Darren Criss (Blaine)], e encerrada com a apoteótica I Lived, hit da época do baladado grupo OneRepublic, que reuniu quase todo o elenco das seis temporadas para a performance final e o fechar das cortinas do auditório do William McKinley, que se tornara “a primeira escola de artes de ensino médio” dos Estados Unidos.

Dez anos se passaram, e vale muito discutir o que Glee deixou de legado enquanto foi rotulada como uma mera comédia musical. Afinal, uma série vista como “para adolescentes” abordar questões sérias como gordofobia, racismo, xenofobia, pessoas com deficiência, dislexia, preconceito religioso, depressão, timidez, violência, transtorno obsessivo compulsivo, feminismo, inclusão da comunidade LGBTQIA+, gravidez na adolescência e adoção, seja com abordagens profundas ou não, acabou fazendo história na televisão americana e mundial, já que a série furou a bolha e fez sucesso em vários países, incluindo o Brasil.

O jornalista e crítico do site Série Maníacos, Henrique Haddefinir, resume a história que a série escreveu com seu encerramento: “Antes de Glee aparecer não havia outra série musical no cenário e tampouco há agora, 10 anos depois que acabou. Ela reuniu elementos cinematográficos, teatrais e alegóricos para construir uma narrativa de humor limítrofe que faz parte única e exclusivamente da linguagem do Ryan Murphy. Além disso, estabeleceu uma realidade importante para a diversidade no mundo do entretenimento: a de que personagens LGBT podem protagonizar grandes fenômenos; e que elencos podem ser escalados se baseando em talento e não em padrões de beleza”.

Com audiência em declínio a partir da quarta temporada, a trágica perda do protagonista Finn Hudson (Cory Monteith) em julho de 2013, as desavenças nos bastidores provocados pela estrela da série Lea Michele, que interpretava Rachel Berry, e uma quinta temporada confusa e sem identidade, o último ano de Glee, com apenas 13 episódios, conseguiu juntar seus cacos para dar um desfecho digno à sua história.

“Em seis anos, Glee trouxe para a TV a magia dos musicais; esteve no topo das paradas com suas versões para grandes hits do mercado; falou de diversidade em diversas áreas e sem condescendência; teve episódios-tributos para gigantes como Madonna, Lady Gaga, Michael Jackson e Whitney Houston; e foi a única série adolescente a vencer dois Globos de Ouro na categoria de melhor comédia. Seu humor ácido, suas alegorias exageradas, sua produção musical impecável, ajudaram a estabelecer seu legado, mas, sem dúvida, o que fez esta série fazer história foi seu alcance emocional; tal qual a tradução de seu título emana: a alegria pura e simples”, arremata Haddefinir.

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